28.10.04

Essas coisas só acontecem comigo! 

Sonic Youth — Sunday

Eis que acordo às 5 da manhã, pego estrada e chego no endereço que me deram, morrendo de sono e pseudo-preparada psicologicamente para ser observada e analisada enquanto me ocupo por mais umas horas com brincadeiras e trabalhinhos em grupos. Entro no hotel, vou até à recepção e digo que estou ali para a Dinâmica de Grupo. O recepcionista me olha de um jeito estranho e descubro que alguma coisa está errada: "Que dinâmica?". A da empresa X, marcada por tal assessoria de RH. Nada. Ele, meio desconfiado, liga para a coordenadora de eventos e ela confirma que não tem nada marcado. Eu ligo para a assessoria de RH e uma mensagem diz que o horário de funcionamento deles é das 9h às 18h (perfeito! e eu fico aqui esperando por um milagre?). Ele entra em contato com outras unidades do Hotel e ninguém sabe de nada. E a palhaça aqui fica com cara de idiota, pensando que não é possível eu ter anotado o endereço errado, mesmo porque confirmei umas três vezes com a menina. Sem ter o que fazer, fico esperando na recepção — afinal, se ainda não fiquei louca, eu não seria a única chamada. Passaram 10 minutos, 20, meia hora e então apareceu um casal pra fazer a dinâmica. Surpresa, revolta, mais telefonemas. E continuou assim. Às 8 horas éramos umas 10 pessoas (de São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e Rio Claro) tumultuando o lobby do hotel, discutindo que era impossível todo mundo ter se enganado e tentando entender o que estava acontecendo. Uma nova técnica de avaliar os candidatos? Uma pegadinha do Sérgio Mallandro? Teste de Fidelidade do João Kléber? Pra não chorar a gente riu e fez piada. Até que conseguiram falar com a mocinha que marcou com todo mundo, que disse que a consultora estava no hotel esperando por nós. Só que em outro hotel. Nessa brincadeira, acabamos perdendo muito tempo e não daria pra fazermos todas as atividades programadas antes do almoço (e eu ainda não sei que problema tem nisso). Resumindo, fiquei das 7h15 da manhã às 14h esperando e enrolando pra, finalmente, começar a fazer a bendita dinâmica que só terminou às 4 e pouco da tarde. Praticamente um dia perdido nessa brincadeira e a possibilidade de nem ser chamada para a próxima fase do processo seletivo. É por isso que eu repito: essas coisas só acontecem comigo!



Oportunismo e cara de pau 

Portishead — Glory Box

Eu tenho a impressão de que o Serginho — jogador do Cruzeiro que praticamente morreu no meio do jogo — mal tinha dado seu último suspiro e já havia pessoas pensando em como lucrar com isso. Gente interesseira que quer se aproveitar de um fato triste pra se dar bem, claro. Calma que eu já explico: cheguei de Sampa (essa é uma outra looonga história) e vim conferir se mais alguém resolveu me chamar pra fazer provinhas idiotas ou então brincar de ser paisagista e o que encontro no meu e-mail? Um daqueles spans de assessorias de imprensa falando sobre a importância e as vantagens de se ter um desfibrilador portátil, o único aparelho capaz de salvar a vida de alguém que está sofrendo uma parada cárdio-respiratória. Não estou dizendo que isso deixa de ser verdade em uma emergência como a de ontem e que pode acontecer daqui a pouco comigo ou com você — who knows? — mas eu acho que é sacanagem e até falta de respeito. Sei lá, pode ser que esse seja o momento mais interessante de se lançar uma notinha sobre isso na imprensa, só que continuo acreditando não ser adequado (mas é aquela velha história: por mim eu não faria, mas se esse fosse meu trabalho...). De qualquer forma é complicado colocar um assunto que envolve ética e estratégia de marketing em discussão. Mesmo porque hoje em dia quem realmente sabe o que é essa tal de ética?



27.10.04

ET 

Ben Folds Five — Mess

Já deveria ter me acostumado há muito tempo, mas eu sempre acho que as pessoas não são tão ruins e acabo me surpreendendo toda vez. Assim como aconteceu ontem. Fui pedir um favorzinho — e olha que era favorzinho mesmo, coisa simples que tomaria 3 minutos no máximo — na maior humildade e recebi uma resposta bem mal educada dizendo que me ajudaria desde que eu pagasse nada menos que 30 reais (posso estar desinformada em relação a remuneração, mas acho um absurdo pagar 10 reais por minuto de uma atividade tão simples como dar uma lida numas linhas). Juro que na hora não acreditei que a pessoa teve coragem de me dizer isso e até achei que era brincadeira, mesmo porque várias vezes já fiz coisas parecidas e até mais complicadas para uns amigos e nunca pensei em cobrar um centavo que fosse. Mas aí entra aquela questão da boa vontade, da amizade, da confiança — que hoje custa caro, e como! É um querendo levar vantagem em cima do outro, passar a perna e ganhar dinheiro com tudo. Tudo bem que a coisa está feia pra todo lado, mas poxa, será que precisa chegar a esse ponto? Ou será que a alienada aqui sou eu, que acha que tudo funciona na base da camaradagem e que se não me custa nada fazer algo por alguém, não tem motivo para alguém querer cobrar uma fortuna pra fazer isso por mim? Sei lá onde isso tudo vai chegar, só sei que nessas horas eu sinto que estou no lugar errado, como se fosse uma ET esquecida aqui no meio desse mundo tão feio e esquisito. E o pior é que eu acho que não existe nave capaz de me levar para algum lugar em que me sinta em casa...



26.10.04

And I wish I could see you in my dreams 

Beach Boys — God Only Knows

Mais uma noite tumultuada com sonhos malucos e ruins me fez acordar com a impressão de ter dormido apenas 10 minutos, além daquela sensação estranha de perda e um aperto no peito sem motivo. Ansiedade, dúvida, medo, expectativas e insegurança podem ser possíveis razões pra essas noites mal-dormidas. Mas eu acho que não conseguir dormir só piora as coisas... Será que alguém sabe me dizer onde foi que deixei os meus sonhos bonitinhos?



25.10.04

Lost in translation 

Jesus and Mary Chain — Head on

E eu nunca imaginei que passar um mísero currículo para o inglês desse taaaanto trabalho, meu Deus!



Quase 

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão do quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perderam por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do bom dia quase que sussurrado.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre está vivo,
Quem quase vive, já morreu!


[Luis Fernando Veríssimo]



23.10.04

A sorte passou na minha frente 

Wilco — Radio Cure

Eu poderia ser agora uma pessoa R$208,81 mais rica se não tivesse ficado com preguiça de ir até uma casa lotérica fazer a minha aposta. Eu acertaria quatro das seis dezenas que saíram: 02 - 06 - 15 - 58 - 59 - 60. Agora vou apostar, sem falta, pra ver se ganho alguns dos R$10 milhões acumulados. Nunca se sabe, né? Melhor arriscar do que se arrepender depois...



22.10.04

Ah, o amor... 

Beatles — All you need is love

Meus pais começaram a namorar, noivaram e se casaram num dia 21. Então, há mais ou menos 26 anos, eles comemoram a data todos os meses, sem falta. Podem estar cansados, terem trabalhado o dia todo e ainda milhares de coisas pra resolver mas o dia 21 é sagrado. Ficam, desde a manhã, trocando surpresinhas e, à noite, se arrumam e saem pra jantar. Foi assim ontem. E eu não me canso de achar lindo e perceber que por mais problemas ou desentendimentos que possam aparecer, os dois ainda são namoradinhos como quando se conheceram. Sei que a vida deles não é perfeita, que brigam, discutem, ficam sem se falar... só que sempre um dos dois vai agradar o outro e pedir desculpas. Eles fazem as pazes, superam as crises e dá pra perceber que o amor continua ali, do mesmo jeito. É essa a definição de casamento que eu vivencio desde que nasci. E, talvez por isso, eu ainda sonhe em um dia conseguir completar 26 anos ao lado de alguém, sentindo o carinho e a admiração que meus pais sentem um pelo outro. Por mais maluco que esteja o mundo, lá no fundo é isso o que eu sempre quis. Porque é uma coisa realmente bonita de se ver. E deve ser também muito bom de sentir.



21.10.04

Coceira 

Nando Reis — Luz dos olhos


O que eu faço com isso? Aiaiai... já estou vendo os 57 reaizinhos voando da minha conta em direção ao Submarino.



20.10.04

Quem sabe? 

Los Hermanos — Quem sabe

Marcela bateu a porta da sala, jogou as chaves e o documento do carro em cima da mesinha de vidro e foi direto para o seu quarto. A mãe e a irmã, que assistiam TV, se entreolharam sem entender o que acontecia, mas logo voltaram para a novela — que deveria estar mais interessante.

Trancou a porta e esqueceu o mundo do lado de fora do quarto escuro. Deitada na sua cama, ela olhava para as estrelinhas brilhantes no teto com a visão embaçada pelas lágrimas. Lembrou-se do dia em que ela e Felipe resolveram colá-las e de tantas vezes que contaram juntos os 20 pontinhos cintilantes lá em cima. Decidiu que no dia seguinte eles não estariam mais lá. Assim como as fotos do mural e dos porta-retratos, os presentes que enfeitavam a escrivaninha, o esquilinho de pelúcia que tomava conta dos CDs... e os CDs! Todos eles? Hum, agora sim ela tinha um problemão: seria impossível colocar qualquer um daqueles discos para tocar e não se lembrar de uma cena, de uma história, de um bilhete... mas, por outro lado, não podia simplesmente se livrar de todas as músicas de que tanto gostava e que, de certa forma, faziam parte da sua vida com ou sem o Felipe. Ela precisava encontrar uma solução para isso, só que acabou adormecendo antes.

O sono foi agitado, recheado de sonhos estranhos, mas mesmo assim dormiu a noite toda. Só acordou com a luz do sol entrando pela janela que esquera aberta e o barulho infernal que vinha da mudança na casa do vizinho. Sentia que seus olhos não estavam muito a fim de ficar abertos e ficou enrolando na cama mais um pouquinho. Sua sorte é que o domingo amanheceu ensolarado e bonito, porque não tem nada pior que um dia cinzento com direito a chuvinha chata para acompanhar a dor de um pé na bunda recém recebido.



19.10.04

Papéis, documentos e números 

Travis — Driftwood

À medida em que os dias vão passando, eu descubro que cada vez mais sou um monte de papéis carimbados e números — e taxas a serem pagas, é claro. O nome ainda existe, uma foto ou outra também aparece, mas o que importa mesmo são os números. RG, CPF, carteirinha do clube, da biblioteca, Carteira de Trabalho, do Sindicato. A partir de hoje tenho também o número de registro do meu diploma e amanhã eu vou lá na Delegacia Regional do Trabalho pra pedir o meu Mtb. E, com isso, vem uma sensação estranha. Um misto de felicidade por ter alcançado o último degrau de um objetivo que eu tinha com a frustração de ainda não saber direito o que fazer com tudo (tudo?) isso.



18.10.04

And life goes on 

Cássia Eller — Todo amor que houver nessa vida

Então eu acordei estranha. Tontura, dor de cabeça, estômago embrulhado e uma preguiiiiiça... (só espero que não seja uma gripe se aproximando!). Mesmo assim, fiz quinhentas coisas pra minha mãe, fui pro francês e daqui a pouco vou lá dar aula até as 22h30. Só porque hoje estou assim, ninguém desmarcou. É nessas horas que eu tenho vontade de ligar o foda-se e fazer a mesma coisa que eles fazem comigo... mas não consigo.



17.10.04

Corre a lua, porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
Por que está amanhecendo?
Peço o contrário, ver o sol se pôr
Por que está amanhecendo
se não vou beijar seus lábios quando você se for?



14.10.04

Lupa 

Wilco — Kamera

Às vezes, a mágica da vida passa bem na nossa frente e a gente teima em não enxergá-la. Quase sempre, estamos tão preocupados em prestar atenção no que nos faz mal e nos deixa tristes ou então revoltados que nos esquecemos de que alguns momentos especiais acontecem e os deixamos passar sem sequer aproveitá-los. Um olhar, um sorriso, um beijo, um abraço, um presentinho, um minuto de atenção quando você mais precisa, uma mão que segura a sua, alguém para te falar que não vale a pena ficar chateado por algo que você não pode mudar. É por isso que, às vezes, mais importante que ter uma câmera acoplada aos olhos pra guardar tudo aquilo que a gente quer é aprender a usar a lupa chamada amor para ver bem todos os momentos mágicos que a vida nos dá. E eu, hoje, quase perdi muitos desses momentos porque estava mais preocupada em perceber o quanto pessoas conseguem ser egoístas. Ainda bem que percebi a tempo, antes de desperdiçar coisas boas.



13.10.04

Porque hoje eu acordei totalmente mulherzinha e feliz 

And when you look into my eyes
please know my heart is in your hands
It's nothing that I understand, but when in your arms
you have complete power over me
So be gentle if you please 'cause
You hands are in my hair, but my heart is in your teeth
And it makes me want to make you near me always
I want to be near you always...



12.10.04

Criança feliz 

Garbage — Special

Esse findie se resumiu a quatro coisas: comida, televisão, sono e tpm. Comi demais, dormi demais, assisti TV demais e briguei demais, chorei demais, fiz draminha demais e me estressei demais — e, concordo, à toa. Mas tudo melhora quando as fotos lindas que eu esperava há uma semana ficam prontas, quando eu acho — finalmente — o presentinho que eu queria e quando recebo um e-mail com notícias. Parece que passou uma ventania por aqui e, de repente, levou aquelas nuvens cinzas e pesadas de cima da minha cabeça. E eu não quero nem saber: podem dando feliz dia das crianças pra mim!



10.10.04

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando... 

... por isso eu quis te ligar. Mas como não tinha o número, não pude fazê-lo.


Eu não aprendo mesmo...


9.10.04

Deixa eu pintar o meu nariz... 

Beatles — You've got to hide your love away

Às vezes me sinto idiota por esperar demais das pessoas. Idiota por esperar telefonemas que nunca acontecem, por me fazerem de palhaça com tantas aulas desmarcadas e remarcadas e desmarcadas em cima da hora e não poder falar nada, por perder coisas legais pensando nos outros, por aceitar certas atitudes por preguiça de brigar, por colocar todo mundo antes de mim e depois me decepcionar. Tenho a sensação de ser idiota por ficar aqui em casa sem ter o que almoçar, sozinha em plena tarde de sábado, assistindo ao Show de Truman dublado na Globo por falta de opção. Sei que sou mais idiota ainda porque não tenho nada mais interessante pra fazer enquanto os outros viajam, passeiam, fazem compras, vão ao cinema, comem fora... Fico me achando boba por ter lutado contra o sono até as três e meia da manhã inutilmente porque não quiseram minha companhia. E, assim de repente, me dá uma vontade enorme de sumir do mundo e não deixar pistas só pra ver se alguém sentiria minha falta. É, eu tô carente, sim, e não tenho vergonha de admitir. Mais uma vez, o problema é sempre esperar um pouquinho mais de algumas pessoas...



8.10.04

Lerê-lerê... 

Garbage — I think I'm paranoid

Que existem pessoas loucas nesse mundo, ninguém duvida. Eu só queria saber o que leva alguém que falta 6 semanas seguidas resolver repor todas as 6 aulas em apenas dois dias, bem no meio do meu feriado: 3 horas no sábado de manhã e mais 3 na segunda à noite. Só porque o tempo melhorou e já estava quase tudo certo pra eu ir pra praia amanhã.



7.10.04

Vai entender... 

Nando Reis — Relicário

Você, que mora ou está em São Paulo, experimente ligar o rádio e sintonizar uma dessas rádios (que se dizem) rock numa "hora cheia". Sou capaz de te dar um prêmio se conseguir ouvir uma musiquinha que seja às 2 da tarde ou as 7 da noite, por exemplo. Passeie pelo dial em busca de alguma coisa que não seja propaganda ou vinheta, que você vai acabar desistindo: não existe vida nas rádios comerciais menos piores quando o mostrador dos relógios marcam dois zeros após os números das horas. Será que ninguém nunca percebeu isso e resolveu atrasar ou adiantar um pouquinho a programação para se aproveitar desse horário morto?



6.10.04

So if you're lonely
You know I'm here waiting for you...
 

Comecei não gostando do nome e dessa coisa toda que surgiu com ele. Torcia o nariz toda vez que me falavam de Franz Ferdinand e confesso que nem quis saber do que se tratava. Até que um dia estava ouvindo umas músicas pela internet e me apaixonei. "Take Me Out" me conquistou e me fez apagar a primeira impressão negativa. E agora não tem jeito, sem perceber me pego cantarolando essa música pelos cantos com um sorriso no rosto... Não sei se é ela é triste ou feliz, só sei que me deixa alegre. Mesmo quando fico aqui esperando com saudades.



Telegrama 

Radiohead — Thinking about you

Sonhos estranhos, ansiedade, porta-retrato com foto 3x4 na bolsa, lição de Francês, The Catcher In The Rye e alguns blogs pra matar o tempo, telefonema e nenhuma notícia, creme nos cabelos, Malhação, banho, shopping, fotos para revelar, Lojas Americanas, nenhum cartão, pirulitos, A Dona da História no cinema, Ri Happy, presente, garoa, frio, VMB, Ludov ganhando prêmio, historinha, e-mail, muita saudade. Eu, hoje.



5.10.04

A minha visão de "Cassino Hotel" 

Wilco — I am trying to break your heart

Adiei o que pude, mas preciso falar sobre o novo livro do André Takeda. Li e reli "Cassino Hotel" em tempo recorde, esperei digerir bem a leitura e ainda sinto que não estou pronta para falar tudo o que gostaria. Mas vamos tentar.

Se tivesse que resumir o livro em uma única palavra, seria — sem dúvida alguma — emocionante. Desde o primeiro parágrafo até o último ponto final é impossível evitar as lágrimas que aparecem no canto dos olhos e quase pulam para fora. A escrita do Takeda continua excelente, o texto conduz a leitura e você nem percebe as páginas passando. A história se constrói gradativamente e, de uma forma indescritível, você vai assistindo a um filme enquanto acompanha os acontecimentos. Do "Clube dos Corações Solitários", ficou aquela sensação de estar sendo lido pelo livro à medida em que nos reconhecemos em algumas situações. Acho que o ponto alto realmente são as metáforas e analogias que o personagem principal, João Pedro, desenvolve ao longo do livro — é preciso prestar atenção no desenrolar dos capítulos para conseguir entendê-las.

É impressionante como o André conseguiu capturar tão bem a realidade dos astros pop atuais e a relação de amor e ódio que eles nutrem com a indústria da fofoca; ora fugindo dos papparazzi, ora aliando-se a eles para aparecerem na mídia. Também é legal perceber o lado "humano" e (não tão) inocente da Mel-X e tentar enxergar uma pessoa comum por trás dos rótulos que a imprensa costuma dar às pessoas famosas.

Sem dúvida, o Takeda amadureceu como autor — isso é facilmente percebido quando prestamos atenção nos personagens, que foram muito bem construídos e são bastante intensos (o que já vale a metade do investimento) e na trama, que é bem amarradinha, intercalada com lembranças e reflexões. O passado e o presente se encaixam e nos dão uma visão geral da tragetória e do crescimento de cada um dos personagens secundários: Letícia, a amiga e ex-namorada; Mateus, o amigo de infância que ficou cego e casou-se com Letícia e Seu Campos, pai de João Pedro. Existem também alguns mistérios e segredos que são revelados, cada um no momento certo, e dão um leve toque de aventura e suspense à história.

Só não gostei de duas coisinhas: aquela parte que vem um pouco antes do último capítulo (acho que deu uma quebrada no ritmo e quase me fez desistir da leitura — tenho a péssima mania de querer controlar o destino dos personagens e, se acontece alguma coisa de que não gosto, tenho vontade de deixar o livro de lado) e o fato de ser extremamente curiosa e ficar morrendo de vontade de pular para dentro das páginas para ler aquele pedacinho da história que ficou para trás na praia do Cassino. E, como sou muito chata, encontrei uns errinhos de digitação que me incomodaram (sei que a revisão final é de responsabilidade da editora, por isso acredito que eles deveriam ter dado mais atenção a eles).

No geral, é um ótimo livro, sem dúvida alguma. O "Clube" continua sendo o meu preferido, mas recomendo "Cassino Hotel" para quem quiser alguns momentos de boa leitura. (E, cá entre nós, achei muito mais gostoso de ler que a tradução de "O Apanhador no Campo de Centeio".)



4.10.04

É aos poucos que vou trilhando meu caminho 

Gram — Sonho Bom

Faz tempo que eu não falo do Z!ne por aqui. Andei meio desanimada com ele, mas parece que agora as forças voltaram com tudo e esta última edição me deu realmente prazer de fazer. E, sem falsa modéstia, ficou legalzinha. Tem um pouquinho de cada coisa que eu gosto, como Cassino Hotel, Gram e Bienal de Arte. E tem também assuntos interessantes e importantes pra galerinha que (eu espero) lê aquelas coisas que coloco lá: TPM e Depressão na adolescência. Esse é o lado bom de editar o conteúdo que vai pro site. Espero, sinceramente, estar fazendo a minha parte e contribuindo para que pelo menos umas duas ou três pessoas descubram coisas legais ou comecem a se interessar pelo que eu acredito ser bom. Hoje postei no blog do site uma matéria especial que escrevi sobre o VMB 2004. Sei que é pouco, muito pouco. Mas, por enquanto, é o que eu posso fazer. E é isso que me faz querer ser jornalista pra sempre.



3.10.04

Eliminatórias 

Wilco — Poor Places

Exercer a cidadania é coisa cada vez mais rara entre os que vivem no Brasil. Uns simplesmente porque não se importam com isso. Outros porque não sabem como. E ainda existem aqueles que tentam, mas dificilmente conseguem. Votar, por exemplo, é sacrifício. Para os primeiros, porque dizem que têm coisas mais importantes pra fazer ou que não gostam de política. Alguns ainda não conseguiram aprender (e não foram ensinados — pra que investir em educação para que as pessoas aprendam a pensar e refletir se quando isso acontecer vão deixar de votar naqueles que querem o poder?), não têm acesso ou precisam leiloar seu direito em troca de benefícios que deveriam ser oferecidos por aqueles que detêm as tão cobiçadas posições de comando disputadas a tapas e ameaças e apelação. Os últimos são os que tentam, mas não encontram opções que condizem com seus princípios. Eu espero fazer parte desse terceiro grupo, porque realmente procuro prestar atenção no horário político (mesmo sabendo que vou tirar praticamente nada de útil para a minha escolha) e perco tempo pensando no que seria melhor para mim e para a minha cidade. Mas a realidade é muito diferente do ideal. Os candidatos não apresentam propostas ou planos de governo. Pelo contrário, utilizam o espaço que têm na mídia para atacar os outros. O período de propaganda eleitoral movimenta o poder judiciário com a enorme quantidade de processos e apelações e decisões contra uns e a favor de outros. E eles comemoram, soltam rojões, contratam cantores famosos, aparecem bonitos nas fotos que ilustram os jornais da cidade. O povo gosta e até concordo que a festa é merecida pra essa gente que sofre tanto. Pelo menos se divertem um pouco, já que o dinheiro gasto com isso vêm indiretamente (e muitas vezes, diretamente também) do bolso deles. E então a gente coloca tudo numa balança e não tem opção. A saída é ir eliminando um por um até chegar ao menos pior. Assisti ao debate e acabei fazendo minha "escolha" um dia antes de ir lá digitar os números na urna. Confesso que não tinha certeza do que estava fazendo, cheguei a hesitar e, por um momento, me arrependi. Uma parte de mim acha que eu deveria ter anulado meu voto; mas a outra ainda acredita que tentar é a melhor solução. Por mais idealista que seja, eu tenho esperanças que algo aconteça e, em último caso, eu vou lá cobrar. Porque sei defender meus direitos. E sei também ser bastante chata quando quero. Pode não adiantar nada, eu tenho consciência disso, mas a minha parte eu fiz. A dúvida que fica agora é quando vão resolver dar um jeito nessa sujeira feita de resto de cartazes e santinhos jogados no chão.



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