30.9.04

Porque eu também sei ser mulherzinha 

Los Hermanos — Além do que se vê

Eu nem ia escrever mas não tem jeito, não consigo. Depois de amanhã tem festa na família. Casamento do meu primo, celebração do amor até que a morte os separe e eu queria conseguir falar sobre isso e outras coisas, só que ultimamente meus pensamentos andam abstratos demais e não tenho conseguido traduzí-los em palavras. (Algo me diz que estou precisando urgentemente desenferrujar meus pincéis e minhas bisnaguinhas de tinta à óleo.) Apesar da minha técnica de economizar livros, terminei de ler o Cassino Hotel em menos de um dia e até agora não encontrei palavras pra expressar o que senti. Emocionante talvez ajude, mas ainda não é isso. Precisava de uma maquininha que lesse o que se passa aqui dentro da minha cabeça e decodificasse em letrinhas. Mas não adianta, a gente não traduz sentimentos, não é mesmo? Hoje à tarde, enquanto esperava o tonalizante dar um jeito nos meus lindos cabelinhos (que, segundo minha irmã, estão com cor de saibro — que palavra mais feia, meudeus!) descobri de onde vem minha paixão por Chico Buarque e cadernos. Tudo culpa da "tia" Dani, que na festinha de fim de ano da prontidão me fez decorar a letra daquela música e eu acreditei naquilo tudo. Paixão à primeira cantada, eu diria. Em dose dupla, ainda por cima. Mas meu coração é grande, muito grande e tem espaço pra eles e prum certo menino que vem amanhã pra cá trazendo terno e gravata na mala — quero ver como ele vai ficar mais lindo ainda. E pra terminar bem o dia, eu só queria deitar agora no meu travesseiro e ter um sonho bem gostoso. Daqueles que eu não tenho há tempos e que me faz acordar com um sorriso no rosto. Porque esse frio chato está começando a me deixar brava: como é que eu vou no casamento com meu vestido novo de alcinhas?



29.9.04

Começo e fim 

Los Hermanos — Assim será

Num milésimo de segundo, seus olhares se encontraram. O dela, castanho; o dele, azul. E, nessa mistura de cores, o tempo parou. Como naqueles filmes em que a imagem é congelada na tela, tudo fica preto e branco e apenas um detalhe ou outro permanece colorido. Seus olhos roubaram para si toda a cor do mundo naquele momento e a mágica aconteceu. Estavam apaixonados. Ela se esqueceu dos seus problemas, ele deixou pra lá os compromissos. Os dois se queriam, ali. Entregaram-se ao instante único de suas vidas e descobriram o que acontece no coração quando o amor nasce. Uma palpitação sem fim, uma felicidade intensa, um sorriso que invade o rosto e reflete no corpo todo, explodindo (mais uma vez) nos olhos brilhantes. Ela imaginou cenas tórridas de sexo alucinante, gritos de prazer e o suor dos dois se misturando nos lençóis de sua cama. Ele desejou vê-la de véu e grinalda, numa cerimônia simples com apenas poucos amigos e a família, em um sítio decorado com pequenas flores do campo. O mundo está mesmo mudado, quem diria. E, antes que pudessem ao menos pensar em perguntar o nome um do outro ou então trocar telefones, o semáforo abriu e o destino os separou. Ela, executiva, virou à esquerda para voltar ao trabalho. Ele, encantado, atravessou a rua e, quando olhou para trás a fim de anotar a placa do carro da mulher da sua vida, um motorista entrou na contra-mão e passou por cima dos seus sonhos. Fim.



28.9.04

Cara-de-pau 

Pato Fu — Day After Day

De uma hora pra outra, todas as empresas que prestam assessoria descobriram meu e-mail e a cada dia que passa eu recebo mais e mais releases sobre presentes para crianças, eventos religiosos, festivais de música gospel, exposições de produtos reciclados artesanalmente, feiras de comida e por aí vai. Não sou seguidora do tal Hamurabi (ou de quem quer que pregue o famoso "olho por olho, dente por dente"), mas ultimamente tenho hidratado meu rosto com óleo de peroba e então resolvi rebater com a mesma moeda. Preparei uma cartinha bem bonitinha falando da minha experiência e dos meus objetivos profissionais e, a cada e-mail recebido dessas Assessorias de Imprensa, eu mando um pedido de emprego — o que, provavelmente, seria indesejável assim como esses "spans". No começo era brincadeira, achei que passaria por idiota e quase desisti. Mas depois pensei um pouco e vi que poderia ser até interessante: vai que alguém resolve ler e gosta de mim? E não é que deu certo e eu acabei de receber uma proposta de um freela? O ponto agora é que eu não faço idéia de quanto cobrar e preciso responder se aceito ou não o trabalho — o que, diga-se de passagem, é muito mais fácil de resolver que a falta de "problemas". De qualquer forma, que os bons ventos soprem mais releases indesejados pra minha caixa de entrada! =)



De volta à vida real após uma noite no meu habitat natural 

Stevie Wonder — I believe (when I fall in love it will be forever)

Sabe aquela sensação de estar em casa, de se sentir à vontade como você realmente é, sem precisar usar máscaras ou vestir fantasias para se "adequar" ao ambiente? Pois é exatamente assim que eu me senti ontem. Parece que em situações como o lançamento do Cassino Hotel, quando me vejo entre pessoas bacanas, livros e conversas sobre aquilo de que gosto e em que acredito eu me encontro comigo mesma. É ali que me sinto como se estivesse no meu habitat natural, de onde não tenho vontade de sair nunca. Passar a tarde conversando e sendo puxada lá pra cima pela Erika e ainda ganhar um The Catcher in the Rye com uma dedicatória linda, bater um papo rápido com o Takeda, encontrar (como já disse) a-mi-gos e ainda conhecer o-u-t-r-o-s, finalmente pegar o meu livro com um autógrafo "colorido", passar um tempo — mesmo que bastante curto — com o Ti, rir e terminar a noite num Habib's. É isso o que eu quero pro resto da minha vida. Mesmo que eu tenha que sair correndo que nem louca pelo Terminal Tietê para não perder o último ônibus que me traria para casa ou então me matar de trabalhar pra conseguir grana e me manter sozinha em Sampa, é exatamente isso de que eu sinto falta quando estou aqui isolada desse universo que tanto me faz bem. E feliz. Pode até parecer clichê, mas eu trocava a casa no campo por um kitnet minúsculo ali naquela cidade que me recebe sempre muito bem pra ter um lugarzinho meu onde pudesse guardar meus amigos, meus discos e livros e nada mais. Porque pra mim é só isso o que realmente faz sentido. O resto são detalhes. E hoje eu acordei outra, com as baterias recarregadas e morrendo de vontade de trabalhar muito, até cansar. E de, alguma forma, tenho certeza de que a minha hora está chegando...



26.9.04

O tempo não passa... 

Pato Fu — Sobre o tempo

É engraçada essa relação que a gente tem com o tempo, né? Quando precisamos que ele passe bem devagar pra dar pra fazer tudo que temos pra fazer ele cisma de correr mais rápido e atropelar os ponteiros do relógio. Aí a gente nem percebe ele indo embora voando e deixando a gente sem saber o que fazer primeiro e o que deixar pra depois. Só que é quando a gente mais quer que ele passe rápido que ele fica teimoso e empaca. E é pior que mula: os segundos não andam por nada nesse mundo! A gente espera, espera, espera e nada! Olha no relógio umas milhões de vezes e os números do mostrador continuam os mesmos. Arranja alguma coisa pra se distrair, se segura pra não ficar vigiando os ponteirinhos passeando e quando olha de novo, está lá só um ou dois minutos a mais. E não adianta procurar o relógio do microondas, do video-cassete, do celular, da cozinha, da sala... a velocidade é sempre a mesma: praticamente nula. Duas semanas e meia de espera e pouco mais de 24 horas que não vão embora de jeito nenhum! E quanto mais próximo ficam as 19 horas marcadas para começar o Coquetel de Lançamento do Cassino Hotel do André Takeda (que vai ser na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em Sampa), mais preguiçosos ficam os relógios. Mas aposto que quando eu estiver lá, os minutos não vão querer saber se quero aproveitar o evento com o namorado e alguns a-mi-gos e nem vou acreditar que a hora de ir embora vai vir rapidinho.
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E o mais engraçado é que a ansiedade maior agora nem é mais para ter o livro nas minhas mãos...



24.9.04

O mistério e as responsabilidades de ser mãe 

Los Hermanos — Assim Será

Hoje à tarde fui visitar uma amiga minha que está esperando neném. Cinco meses e meio, uma barriguinha linda e muitas dificuldades a serem enfrentadas. Sempre amei crianças, quero muito ser mãe, mas quando páro pra pensar em tudo que isso envolve me dá um medo enorme. Só de colocar a mão para sentir o bebê se mexendo na barriga dela, fiquei imaginando como deve ser maravilhoso saber que existe um serzinho crescendo dentro da gente, uma mãozinha se desenvolvendo, um coraçãozinho batendo, um pézinho perfeito. Acompanhar as transformações no corpo e na cabeça da mãe é realmente bonito, acho que não existe sensação mais gostosa do que aqueles chutes que eles dão, sem contar que deve ser lindo amamentar. Mas enquanto ela falava como têm sido esses meses, me coloquei no lugar dela e me deu um pânico. Uma gravidez inesperada, a falta de apoio da família, a grana que eles precisam pra comprar tudo. É uma barra muito pesada pra encarar, uma responsabilidade muito grande. Não é fácil cuidar de um recém-nascido. Noites mal-dormidas, dores de barriga, febres, choros com motivos não-identificados, fraldas sujas, mamadeiras... Mais difícil ainda é educar uma criança no mundo de hoje. Tem escola, comida, médico, remédios, roupas, festinhas de aniversário... E quem é que consegue dar um presente legal com esses preços absurdos dos brinquedos? Convencê-los de que ler é gostoso não deve ser uma tarefa fácil, assim como ensiná-los a ouvir bandas boas. Depois tem ainda as brigas com os coleguinhas, as dificuldades na escola, os problemas que eles não conseguem resolver e acabam sobrando pros pais, os namoradinhos, a adolescência, a rebeldia, as baladas, os porres, violência, drogas, sexo, a carteira de motorista, o carro emprestado (ou pior, "seqüestrado"). Quanto mais eu penso, mais tenho certeza de que não vou estar nunca pronta pra isso. Talvez as coisas mudem daqui algum tempo. Talvez não mudem e eu tenha um filho mesmo assim. Só sei que ainda é muito cedo pra pensar nisso. Muito cedo pra me preocupar com uma pessoinha que dependeria de mim se eu não consigo nem cuidar de mim mesma direito. Quem sabe daqui uns 20 anos eu resolvo deixar o Joaquim vir?



23.9.04

Saiu de mim a melancolia 

Ludov — Melancolia

Tem gente que não acredita quando eu falo, mas é incrível como a Primavera me deixa mais feliz. Pelo simples fato dos dias ficarem mais leves, do céu estar mais azul e com menos nuvens e por causa das flores que começam a colorir as ruas. Eu acordo bem, mais disposta e o dia acaba sendo muito melhor. E já vi que me sentir bem só traz boas notícias. Pode até ser que as mudanças climáticas não aconteçam assim de uma hora pra outra, podem achar que é psicológico — e deve ser mesmo. É só coincidência? Não duvido, mas o fato é que esta é a época do ano de que eu mais gosto e, por isso, prometi pra mim mesma que vou aproveitar cada dia, cada minuto para ser feliz. Cansei dessa tristeza que vinha me consumindo e me deixando cada vez mais pra baixo. Eu quero agora é rir muito e fazer de tudo para dividir bons momentos com todos aqueles que estão do meu lado (mais uma vez literal e metaforicamente falando). Porque, apesar de tudo, tem muita gente que me apóia sim e quer me ver bem. E, eu sei, não posso decepcionar nem a eles e nem a mim mesma. A partir de hoje, sou toda sorrisos, como tem de ser. Mesmo com um namorado lindo e fofo, mas tepeêmico. =P

Saiu de mim a melancolia
Já me deixou, já não choro um dia...



22.9.04

Flowers in the window 

Los Hermanos — A Flor

E hoje eu fiz tanta coisa que quase me esqueci: seja muito bem vinda, Primavera, e pode trazer mais novidades junto com suas flores coloridas. E não é que aquela história de que pensamentos positivos atraem coisas boas está mesmo certa? Bem que eu acordei mais animadinha... mesmo inconsciente, sabia que alguma coisa estava diferente desde manhã. E que continue assim! =)



Mulher é mesmo um bicho estranho 

Maria Rita — Pagú

Não sei se rio ou se choro. A TPM foi embora, mas agora eu brigo é com essa cólica que resolveu me pegar de jeito. Pode anotar aí que na próxima encarnação eu só venho se for pra nascer homem!



Once again 

Los Hermanos — Esquadros

Pra quem há pouco reclamou aqui que não tinha o que fazer, acordar às 7h pode ser uma boa coisa. Principalmente se der tudo certo.
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Sim, eu não perco essa minha mania de criar expectativas mesmo com pequenas possibilidades. Anyway, wish me luck!



21.9.04

Grande irmão 

Wallflowers — See you when I get there

Ok, eu confesso. As inscrições para a nova edição do BBB estão abertas e estou quase tomando coragem pra preencher a ficha.



20.9.04

Vai entender 

Uma banda que tem coragem de se lançar com o nome de Dibob não merece a minha atenção. Prefiro nem saber do que se trata...


Desabafo 

Los Hermanos — De onde vem a calma

Na falta de exemplares novos, tentei reler "Efeito Urano" antes de dormir pra ver se eu decido se gosto ou não dela e parece que o livro não ajudou muito com o meu propósito de distração. Achei Fernanda Young artificial demais e, não sei porque, senti uma certa tentativa de tentar parecer com a Clarice — o que me irritou bastante. Então hoje resolvi reler um livro meio bobinho que ganhei da minha avó de Santos quando entrei na faculdade e, pela primeira vez, me toquei do quanto paradoxal eu sou. A minha vida inteira tentei ser responsável, madura, consciente e, na verdade, só o que eu consigo ser é infantil, insegura e boba com as minhas vontades e medos que não consigo vencer. Uma menina inocente que quer (ou quis, com todas as forças) ser um dia capaz de ajudar a mudar o mundo, que gosta de ler e pensa que é nos livros que vai encontrar as armas para resolver todos os problemas mas que está percebendo o quanto é pequena e impotente. Uma garotinha pseudo-politizada que todos pensam ser inteligente e articulada e que tem todos os argumentos para qualquer questão polêmica, mas na verdade não consegue entender quase nada e se enxerga cada vez mais incapaz. Assim como a personagem do meu livro. Uma jornalista recém-formada que pensa que porque terminou a faculdade, fez uns cinco ou seis estágios por aí, leu uma infinidade de livros de que nem lembra mais e gostava das aulas de Sociologia e Filosofia entende de alguma coisa. Na verdade, acho que estou virando uma pessoa superficial, consumista e vazia. Tomando banho hoje, percebi o quanto tenho me preocupado com coisas inúteis. Shampoo Dove para cabelos tingidos porque tem 1/4 de hidratante, creme de tratamento de Leite de Cabra para dar vida e brilho aos fios, gel de limpeza com grânulos para exfoliação e controle da oleosidade da pele, adstringente para limpeza profunda e prevenção de cravos, hidratante corporal de iogurte de uva... só isso! Eu, que nunca liguei pra essas coisas. Fútil, completamente fútil. Acordo ao meio dia, dou uma olhada nos emails pra ver se tem alguma resposta pros currículos que eu mandei, almoço e penso em alguma coisa para preencher minha tarde. Leio, ouço música, penso na vida, dou uma olhada na TV, pinto as unhas, invento uma receita nova, penso na vida de novo... Aí vou ao Francês e dou aula até as 22h30 ou então me viro para repor as que foram desmarcadas para garantir meus poucos reais todo mês. E continuo me sentindo inútil porque não tenho mais o que inventar, nem tem nenhuma novidade no meu email e não existem novas vagas pra me candidatar. Cansei de correr atrás, de insistir, de ter esperanças. E já cansei também de reclamar. Talvez eu tenha mesmo me tornado uma pessoa idiota como repete minha irmã, que tem como objetivo de vida me ridicularizar sempre que pode e de preferência na mesa do almoço de domingo, com uma platéia que a aplaude acintosamente. Talvez já tenha passado da idade de perder tempo escrevendo minhas insignificâncias para ver se alguém se importa, ou vai ver que é verdade que isso tudo seja mesmo uma palhaçada que ninguém mais agüenta — e às vezes eu acho que nem eu mesma. Mas se não aqui, onde mais vou jogar essas coisas todas pra fora se meu peito explode, literal e metaforicamente? Eu preciso disso, e isso pra mim não é piada, apesar de rirem quando tocam no assunto. Ninguém entende e eu quero cada vez mais me enfiar embaixo das cobertas pra não ver os dias gritando pra mim que não consigo mudar isso, que não sou capaz. E tenho medo, muito medo por não saber quando é que tudo isso vai terminar. Sei lá, acho que preciso de um pouco mais de calma, de apoio e de uma mão que segure na minha e só solte quando esse monstro enorme chamado medo for embora. Preciso de... ah, não sei mais nada!

De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente
ele não saber ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil

De onde vem o jeito tão sem defeito
que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Esta se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão

Eu não vou mudar não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
não vou ceder
Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim.



19.9.04

3 pedidos 

The Cure — (I Don't Know What's Going) On

Eu queria entender se o problema é comigo ou com os outros. E queria também não sentir o peso de 220 anos enquanto (ainda) tenho só 22. E que tudo isso passasse logo para que as coisas voltassem ao normal ou então mudassem de vez — não agüento mais ver os dias se arrastarem e não saber mais como tentar mudar isso.



17.9.04

Valsinha 

Eu tentei, mas não consegui. Chico e Vinícius roubaram minha história antes mesmo que ela existisse na minha cabeça. E toda aquela vontade de voltar a escrever continhos se foi e eu fiquei aqui sozinha, com vontade de escrever tão bem assim. Ou assim.

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E não deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar
E aí ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tanto esperar
E aí os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E aí dançaram tanta dança que a vizinhança logo despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz.



16.9.04

Momento Google 

Ben Folds Five — Mess

Há algum tempo, os seios da Luíza Possi eram recorde absoluto entre as buscas que caíam no meu blog. Talvez ela tenha saído de moda ou então os peitos dela ficaram pequenos demais para o padrão siliconado de sutiãs e ela acabou esquecida. Mas se tem uma coisa que é diversão garantida, é olhar o contador e descobrir o que as pessoas têm perguntado ao oráculo da era digital. Ultimamente chegam até aqui quando procuram por fotos sensuais de meninos pelados, Marcelo Antony cueca, lança perfume borrifador e lista completa dos verbos regulares em inglês. Outro dia perguntaram ao Google, literalmente, "para que servem as cicatrizes?" e ainda "o que fazer quando ele me deixou?" ou "onde eu encontro um amor?". E então fico imaginando o que leva cada pessoa a digitar essas coisas e clicar no botãozinho "pesquisar", tento imaginar como elas são e acabo inventando histórias. Eu, sinceramente, tenho dó dessas pessoas que apelam até aos buscadores para tentar encontrar as respostas para perguntas que devem atormentá-las: sei que essas respostas não são encontradas assim tão fácil. Mesmo porque se eu as tivesse, elas com certeza não estariam aqui disponíveis no blog, mas num best seller que me renderia rios de dinheiro, além da satisfação de ter escrito um livro.



15.9.04

Looooongo caminho sem fim 

Elvis Costello — God give me strenght

Sabe, eu não ligo de ter que acordar cedo (mesmo não gostando muito), nem de ficar até mais tarde. Eu não ligo de perder fins de semana, de levar trabalho pra casa, de refazer as coisas que precisam ser refeitas. Eu adoro aprender, faço tudo da melhor forma possível, gosto de tudo certinho e acho até que sou bastante eficiente. Eu não sou de arrumar confusão, sou simpática com os outros e tento ser atenciosa com todo mundo. Não reclamo quando preciso fazer cursos, assistir a palestras, ir a workshops e afins — muito pelo contrário. Eu não faço questão de um salário exorbitante nem de ganhar viagens e presentinhos ou bonificações. Eu só queria mesmo é descobrir onde é o meu lugar. Porque ando perdida demais correndo atrás dessas inscrições e testes e provas e questionários e entrevistas que não me levam a lugar algum. Estou me cansando de ver caminhos se abrirem, enxergar possibilidades e depois ter as expectativas arrancadas por um telefonema ou um e-mail que me trazem mais um não. Será que todos esses anos não valeram pra nada e eu sou assim tão incapaz que ninguém quer me escolher entre os outros? O pior é que estou começando a realmente acreditar nisso...



Socorro! 

Radiohead — Thinking about you

Só mesmo a Coletânea que eu ganhei da minha amiga para (tentar) acabar com um surto descontrol que resolve aparecer por aqui bem no meio da tarde... Por favor, alguém me proteja dos arquivos e dos comentários antigos. E, principalmente, de todos os chocolates do mundo.



14.9.04

Insone 

Jack Black — Let's get it on

A última coisa que eu quero fazer agora, com esse calor e essa chuvinha boa que cai, é ir dormir...



Vontades 

Skank — Tão seu

Eu ando com umas vontades estranhas, muito estranhas. De começar a fazer ioga. De me jogar numa piscina e nadar muito como eu fazia há tempos e só sair quando as pontas dos dedos estiverem enrugadas e as pernas, tremendo. De ir à igreja, pra assistir a uma missa. De andar na Paulista sem destino, só pra sentir aquela coisinha boa que me dá toda vez que eu passo por ela. De ir ao circo. De acordar cedo e poder reclamar da falta de tempo pra fazer tudo o que eu quero. De tomar sol até ficar com os ombros ardendo de tão vermelhos. De tomar chuva, banho de mangueira ou até mesmo de banheira com bastante espuma. Algumas coisas de que eu nunca gostei, outras que não faço há muito tempo. Deve ser por causa desses sonhos tão loucos que eu tenho tido.



13.9.04

Era uma vez... 

The Vines — She's got something to say

Dia desses minha mãe leu em uma revista (tenho quase certeza de que foi numa dessas edições especiais sobre jovens da Veja) que quando os hábitos dos filhos mudam muito, eles param de sair como antes, dormem demais, começam a trocar o dia pela noite e arrumam outros amigos é porque eles estão usando drogas. Aí então, hoje ela resolveu me perguntar se eu estava usando drogas. Talvez ela quizesse saber o porquê de eu estar passando tanto tempo trancada no meu quarto (geralmente lendo ou ouvindo música ou as duas coisas juntas — o que, com toda certeza, seriam as últimas coisas que ela pensaria que eu estaria fazendo). Ou então porque eu parei de sair de quinta a domingo com os meus amigos como fazia no começo do ano (cansei disso e uma hora a gente descobre que, infelizmente, dinheiro não dá em árvore e nossas prioridades mudam — ou será que dá pra pagar os interurbanos, as passagens dos Cometas e ainda sobrar um troquinho pra três ou quatro baladas toda semana? Se alguém conseguir fazer dinheiro se multiplicar, por favor, me ensine como eu faço isso!). Mesmo porque eu tenho dormido demais, estou trocando o dia pela noite e vivo falando de pessoas de quem ela nunca tinha ouvido falar. Eu disse que não, dei risada e achei meio ridículo essa história da reportagem no estilo teste da Capricho para saber se os filhos estão ou não fumando maconha. Se eu fosse explicar tudo o que têm mudado aqui dentro ela não entenderia e, talvez, tivesse certeza de que não ando tão normal assim. O problema não são as drogas, mas essa sensação de ter que viver me equilibrando em cima de um fio pra não cair no buraco. Mas isso ela não entenderia. Porque é muito mais fácil acreditar nas desculpas que a gente inventa do que enxergar os problemas que realmente existem. Então a gente vai vivendo num conto de fadas onde tudo é lindo e perfeito e, no fim, todos vivem felizes para sempre.



11.9.04

Pra ver se da próxima vez eu não me esqueço 

The White Stripes — I just don't know what to do with myself

Ontem, a noite tinha tudo pra ser feita de edredon, dvd e depois cama. Mas como as coisas simplesmente mudam de repente por aqui, choveram convitinhos para festas e, depois de horas de insistência e chantagens, eu ganhei a incumbência de escolher a menos pior pra gente ir ou então seria banida pelas minhas companheiras (abandonadas) de balada. O destino: um coquetel numa danceteria badaladinha daqui. Em menos de meia hora estariam buzinando em frente à minha casa e eu deveria estar pronta. Pois então vamos ao método "The Flash Aleatório" de se arrumar. Abro a gaveta de blusinhas e pego a que estiver por cima de tudo, puxo a primeira calça que alcanço nos cabides, pego o sapato que cai quando abro o armário, escovo os dentes e aproveito os poucos minutos que sobraram pra cuidar da maquiagem e dos cabelos que acabam ficando com um visual "nem lembrei do pente" — o bom é que agora a moda é deixá-los com cara de "lavei e deixei secar ao vento" e, apesar de ter sido exatamente isso o que fiz, todo mundo pensa que passei a tarde toda no cabeleireiro. Chave, uma jaqueta ou um casaquinho, o convite e dinheiro (praticamente desnecessário). É aí que eu começo a me arrepender de querer sair. A encheção de saco começa já na hora de estacionar, quando os filhinhos de papai fazem questão de ficar desfilando com o carro novo que ganharam de aniversário e os flanelinhas fazem um leilão pra ver qual deles vai "olhar" o seu. Na fila, os seguranças separam os pobres mortais dos "VIPs" que têm o convite e, infelizmente, aquele pedaço de papel prateado que teoricamente significaria uma vantagem, me levou para a fila mais comprida e tumultuada. Era gente sem convite querendo que os donos da festa fossem chamados para liberá-los de pagar a entrada, era gente querendo passar na frente porque se julgava mais importante... uma beleza! Enfim conseguimos entrar, com direito a pulseirinha pink que nos dava livre-acesso ao mezanino. Tudo bem que 80% das pessoas que estavam ali tinham uma pulseirinha no pulso, mas o importante é que o bar lá de cima está dando vodka com refrigerante e o pessoal quase se mata pra conseguir um copinho: aqueles caras que passam a tarde na academia te empurram e te dão cotoveladas na cabeça pra não ter que pagar 5 reais num drink. Tudo gente de família tradicional, aquelas mais ricas da cidade, você sabe bem como é. E o mais legal dessas festinhas que reúnem a nata da sociedade é assistir a troca dos pares: o filho do deputado está com a ex-namorada do dono do supermercado que tinha um rolo com a filha da colunista social; aquela menina que saiu com todo mundo agora está noiva do dono da danceteria, mas não é segredo que ela dá uns beijos no sócio dele; o filho do diretor do clube ainda não desistiu de roubar a namorada do filho do dono da construtora que estava sozinha na festa e por aí vai. Sem falar nos casais que acabam se formando "temporariamente" ao longo da noite. É uma coisa meio celebridades: você nunca sabe quem está com quem ou até quando eles vão estar juntos. Pelo menos risada é o que não falta com tantas cenas típicas de novela e com a vodka na faixa animando o pessoal. O problema é quando chego em casa com a sensação de que não deveria ter saído. Porque sempre fica faltando alguma coisa. Sabe aquele lance de estar cercado de gente e sentir falta de uma que não está ali? Pois é. Parties make me feel as bad 'cause I'm not with you...



9.9.04

Bom Bril 

The Cure — Never Enough

Quando eu digo que tenho mil e uma utilidades, você pode acreditar porque é verdade. Vou do tricô às páginas de internet em menos de um minuto e troco pneu de carro assim como consigo me virar bem na cozinha, do meu jeito. E hoje dei mais um upgradezinho nas minhas já vastas qualificações. É que o carro da minha mãe resolveu que não ia mais ligar e, como desocupada oficial da família, fui escalada para fazer plantão em casa pra esperar o socorro que o seguro ia mandar. O cara veio, olhou e descobriu que era uma pecinha que fica ali do lado de onde se coloca a chave que estava quebrada e, conseqüentemente, não fazia o contato. A solução era bem simples: ir até um chaveiro e pedir que ele trocasse aquele miolo. Só que, para isso, o carro precisava andar. E como não era nenhum problema que o impedisse de funcionar, o moço me ensinou a fazer a tal da ligação direta. E não é que eu aprendi direitinho e consegui fazer tudo sozinha depois? Acho até que ele se assustou com a minha vontade de querer aprender a mexer naquela infinidade de peças e fios e espacinhos que, antes de ir embora, me advertiu que não era aconselhável usar meus recém-adquiridos conhecimentos para fins ilegais porque eu poderia me meter em encrenca. Mas nunca se sabe, né?



8.9.04

O que está acontecendo? 

Nando Reis — Relicário

Fonte: Folha Online
Os ponteiros que correm no relógio, a folha que cai de uma árvore, a palavra que entra pelos ouvidos, o sorriso que ilumina os olhos, o beijo que sela o amor, os passos a menos no caminho, o mistério da vida que vai sendo desvendado, o medo que aparece quando menos se espera, o fanatismo que domina com crueldade, os tiros que interrompem uma vida, o sangue que escorre pelos corpos, os olhos que se fecham, as lágrimas que caem, a saudade que invade o peito, a indignação que cresce a cada dia e as mãos atadas que nada podem fazer. O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou.



2.9.04

Interessantes ou interesseiros? 

Velvet Underground — I can't stand it

Ultimamente tenho me decepcionado cada vez mais com pessoas que achava conhecer bem. Porque eu não consigo sair com uma pessoa só porque ela tem um carro legal e vai dar carona pra gente ou então porque vai bancar um churrasco pra todo mundo. Ainda não consigo conceber um relacionamento que só existe por causa dos presentes caros que são entregues semanalmente em casa. Mas o que me incomoda ainda mais que isso são as pessoas que criticam e acabam fazendo a mesma coisa pra "fazer parte do grupo". Não estou querendo dizer que ganhar/dar presente não é legal, muito pelo contrário — quem é que não gosta de uma lembrancinha ou de uma surpresa de vez em quando? Ou então quem nunca pegou carona com algum amigo? Acho que o problema aparece quando essas coisas começam a se tornar um pré-requisito para quem pode entrar na turma ou não. Não tenho carro novo nem sou de ficar gastando dinheiro pra comprar amigos com presentes caros, talvez por isso eu sou "esquecida" de vez em quando ou me sinto um peixe fora da água quando arrisco aceitar um convite desses. Porque eu só queria mesmo é saber como seria se as festinhas começassem a ser pagas e os presentinhos acabassem. Será que iam fazer tanta questão dessas companhias? Eu não coloco minha mão no fogo por ninguém...



1.9.04

O tempo não pára e ainda continua sendo o melhor remédio 

Wilco — I'm always in love

Há quase um ano eu escrevi que queria o meu coração palpitando e saindo pela boca de novo, que queria ter de volta o brilho dos meus olhos e um sorriso no meu rosto. Mais ou menos nessa mesma época, estava aqui: "sometimes things happen to you that may seem horrible, painful and unfair, but in reflection you realize that without overcoming those obstacles you would have never realized your potential, strength, willpower, or heart. Everything happens for a reason." Eu sabia, mas não conseguia acreditar nisso. O tempo passou, minha vida mudou (e muito) e aquilo que parecia ser o fim do mundo se transformou numa coisa tão insignificante que às vezes eu páro e penso como é que fui capaz de me importar tanto. Sem tudo aquilo, eu não teria aprendido que não vale a pena lutar sozinha quando a outra parte não quer e que quem não me quer não me merece como ouvi muitas vezes a minha vó repetindo enquanto me dava colo. Eu cresci, superei e a última coisa que sinto agora é saudade desse tempo. Estou feliz e todo mundo que me vê diz que pelo meu sorriso e pelo brilho nos meus olhos dá pra saber que existe um coração que bate forte aqui dentro. E hoje (oficialmente) faz um mês que esse coração tem dono, o principal responsável pela cor que existe na minha vida.



 î 

Esse é só o começo do fim da nossa vida...



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[Clarice Lispector]

 


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