30.6.04

Como é complicado viver... 

Ben Folds — Mess

Queria conseguir controlar o que acontece aqui dentro de mim, mas quanto mais eu tento parece que menos eu consigo me entender. Sou covarde, tenho medo de mim mesma. Sou pequena, muito menor que meus medos. Sou um bicho muito estranho que morre de medo de ficar sozinho no escuro mas ao mesmo tempo não tem coragem de abrir as portas e sair correndo... Talvez por isso eu seja assim tão idiota. Não consigo encontrar explicação para algumas coisas que eu faço. Preciso aprender a pensar antes de falar qualquer coisa que pode magoar outras pessoas. Porque essa história de ser inconseqüente só dá certo mesmo na ficção. Na realidade, a história é outra. E será que alguma vez eu vou conseguir evitar que a minha razão se transforme num monstro gigante que quer engolir todos os meus sentimentos? Preciso aprender que sou humana, que posso sentir, errar, cair, chorar, levantar e viver sem ter que ser sempre correta, responsável, adulta. Como é complicado viver... ou será que eu que complico tudo? Queria simplesmente saber deixar as coisas acontecerem, mas não consigo. Quando vejo, já estou racionalizando tudo, pensando prós e contras, estudando a situação pra ver se vale a pena escolher esse ou aquele caminho. Tenho medo do que eu não sei, me assusta olhar pra frente e ver um vazio onde deveriam existir planos. Tem horas em que eu me olho no espelho e me pergunto o que estou fazendo aqui. E não sei responder. Parece que estou presa, que não consigo andar. Chego a me sentir inútil e incapaz, com essa enxurrada de nãos e a estiagem de respostas que eu tanto espero. E é incrível como isso consegue me afetar seriamente em quase todos os aspectos. Sei que estou me distanciando cada vez mais dos amigos, finjo que me divirto quando saio de casa, não sinto mais prazer em nada que faço e estou finalmente conseguindo espantar as pessoas de que gosto para bem longe de mim. E nem lágrimas eu consigo encontrar pra jogar isso pra fora; acho que estou ficando maluca. Quero colo, apoio, uma mão pra segurar e alguém que me ensine para onde eu devo ir — já que sozinha eu não consigo. Estou perdida, preciso me encontrar. E não sei porque sinto que estou no lugar errado. Tenho a impressão de que peguei a estrada errada e, por isso, nada mais vai dar certo. Mas me falta coragem para voltar e começar de novo. Seria bom se as coisas fossem mais fáceis, as distâncias mais curtas e as pessoas menos complicadas. A camiseta que me veste hoje grita "NO CASH VALUE" pra mim — é, sem valor. E a trilha sonora do dia é a Coletânea Descontrol da Amiga Leila.



29.6.04

Essa lua crescente está tão linda! 

Paralamas do Sucesso — La Bella Luna

Por mais que eu pense
Que eu sinta, que eu fale
Tem sempre alguma coisa por dizer
Por mais que o mundo dê voltas
Em torno do sol, vem a lua
Me enlouquecer...



28.6.04

Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens 

Ben Folds — Not the same

É, então quer dizer que a gripe resolveu me pegar de vez? Justo eu, que sempre disse que era resistente e que há séculos não pegava um resfriado sequer. Ela chegou com tudo ontem de manhã e está conseguindo me derrubar. Estou meio mole, com dor de cabeça, um pouco de febre, a garganta arranhando e o nariz endubido que não pára de espirrar. Ok, eu me rendo. Vou lá me enrolar nas cobertas e volto quando melhorar. Qualquer coisa, deixe seu recado após o bip. Quem é que vai vir cuidar de mim, hein?



26.6.04

Muito prazer, esta sou eu! 

Aimee Mann — How am I different

Luciana C. ou simplesmente Blue. Aquariana de nascimento e jornalista por vocação, espera poder ajudar a fazer algo para dar um jeito nesse mundo tão louco (ou pelo menos não colaborar para que as coisas piorem). Pop, indie, emo, mulherzinha e às vezes nada disso. Indecisa, insegura, imperfeita, incoerente, incompleta. Chorona, sensível, teimosa, ciumenta e ex-tre-ma-men-te curiosa. Sonhadora e quieta, tem riso fácil e prefere chorar escondido. Ama aprender (línguas, de preferência), dá aulas de Inglês, está aprendendo Francês, já estudou Espanhol e sabe um pouquinho de Esperanto — não pergunte o porquê. Respira música: acorda e vai dormir cantando. Lê de bula de remédio e rótulo de Nescau a dicionário e não vive sem carregar um livro embaixo do braço. Bebe pouco, mas cai muito — deve ser porque os pés tamanho 34 não sustentam o corpo. Adora andar de ônibus e metrô para observar as pessoas e imaginar suas histórias. Tem seus dias de bruxinha e uma intuição que geralmente não falha. Confia demais em todo mundo e, na maioria das vezes, acaba se decepcionando. Mas tem coração mole, perdoa e esquece fácil. Perfeccionista ao extremo e conselheira desde criancinha, não admite um erro no que faz e empresta o ombro e os ouvidos para quem precisar. Se isola fácil, vive bem sozinha, mas prefere ter por perto alguém que faça barulho e fale alto (e lave a louça). Muito mais menina que mulher, ainda dorme abraçada com o Gown (seu elefantinho de pelúcia). Razão e coração vivem em constante batalha — acaba deixando de viver para pensar e pensar e pensar apesar de continuar não entendendo nada no meio da confusão de pensamentos que superlotam o seu cérebro. Prefere cidades grandes à praia; calor à frio; doce à salgado e, entre claro e escuro, fica com a meia-luz (que é mais aconchegante). Pensando rápido, não viveria sem primavera, algodão doce, beijo na boca, chá gelado com limão e mensagens no celular. Multimídia, quer sempre descobrir mais. Canta, dança, pinta, escreve muito e não faz nada tão bem que consiga ganhar dinheiro com isso. Mas tenta e continua esperando um dia conseguir. E não tem medo de lutar por aquilo em que acredita — prefere arriscar a se arrepender depois.



24.6.04

Wishlist and things to do 

Radiohead — Yes I am

Preciso cortar o cabelo. Queria pintar também, porque já está meio desbotado. Preciso voltar ao otorrino (sim, continuo parcialmente surda). Queria uma bota nova. Um cinto. Umas camisetas legais. Preciso de um All Star azul. Preciso fazer as unhas. Quero mais esmaltes coloridos. E novos brincos. Quero umas velas diferentes, porque já enjoei dessas com cheirinho de eucalipto que meu pai me deu. Preciso de uns CDs. De livros. De lugares diferentes para ir. De pessoas para conhecer. Preciso rever muitas outras — uma ou duas em especial. Preciso de novos ares. De uma viagem, talvez. Queria um discman novo com pilhas que não acabassem nunca. Um pouco de atenção, telefonemas, companhia. Preciso me divertir um pouco. E cantar mais e ler mais e rir mais e até chorar mais. Queria saber viver mais também. Conseguir aproveitar cada minuto, cada palavra, cada sentimento, cada emoção. Queria congelar no tempo alguns momentos pra não me esquecer nunca deles. Preciso comer menos. E me exercitar mais. Pensar menos, agir mais. Esperar menos, batalhar mais. Observar menos, falar mais. Sonhar menos, realizar mais.



23.6.04

Não tem explicação, não tem não tem... 

Bush — Letting the Cables Sleep

"Quanto à moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. Na verdade — para que mais que isso? Seu viver é ralo. (...) Para adormecer nas frígidas noites de inverno enroscava-se em si mesma, recebendo-se e dando-se o próprio parco calor. Dormia de boca aberta por causa do nariz entupido, dormia exausta, dormia até o nunca." (A Hora da Estrela, Clarice Lispector)

Tenho (muito) medo de virar uma moça assim. Por isso vôo cada vez mais alto, pulo de cabeça, arrisco, aposto algumas das poucas fichas que tenho no desconhecido. Jogo, mesmo sem ter aprendido todas as regras ou sequer ter a malícia para perceber um blefe ou uma carta escondida na manga. Não sei quais cartas estão nas minhas mãos, não sei quais ainda vão chegar até mim. E, inexplicavelmente, o jogo em si não mais me dá medo. Agora, o que me assusta, é tudo que está ao redor da mesa e vem junto com a vitória ou a derrota. Mas algo me diz que tenho forças. E não era eu quem pedia por novidades? Pois então agora que elas estão começando a chegar, preciso encará-las de frente mesmo que algumas venham com vontade de me derrubar. Se existe um momento certo, espero que ele esteja acontecendo agora. Ou que aconteça daqui a pouco. Porque já estou me cansando de esperar, esperar e esperar. Porque estou aprendendo que existe apoio e carinho das pessoas à minha volta — e até mesmo das mais distantes. E também porque a trilha sonora da minha história está mudando a cada dia, Nando Reis está mais presente do que nunca e, quem sabe, em pouco tempo poderei ter um disco só meu. Ou nosso.



21.6.04

E se fosse na vida real? 

Weezer — Take Control

Quando cheguei em casa estava passando a novela. Sentei no sofá enquanto comia meu miojo e fiquei lá assistindo uns pedaços. É engraçado ver que quando o fim vai chegando as coisas vão se encaixando, os bonzinhos começam a dar a volta por cima, as armações dos malvados vão sendo destruídas aos poucos e a harmonia chega em todos os núcleos da trama. Chega a ser até bonito de se ver o bem triunfar sobre o mal, o casalzinho que enrolou a novela inteira pra ficar junto se entendendo e outros tantos pares se encontrando e formando combinações das mais inesperadas e improváveis. Pena que na vida real as coisas nem sempre sejam assim tão bonitas, as pessoas quase nunca estão no lugar certo na hora certa e os acontecimentos não venham tão bem coreografados. Aqui do outro lado da telinha os casais geralmente se desencontram, os mais espertalhões sempre conseguem sair por cima e a gente acaba apanhando mais do que deveria. Aqui, as pessoas inventam histórias sobre você sem que você possa se defender porque não existem fitas ou conversas gravadas que provem o contrário. Aqui, você ouve calado porque, se responde, é mais um motivo para jogarem o que você falou na sua cara. E o final feliz demora tanto pra chegar que às vezes os velhinhos nem conseguem mais se lembrar como começou aquela linda história de amor. Se a novela fosse vida real, a Sandra terminaria grávida do PC e sozinha, a Laura triunfaria e a Maria Clara virava dona de casa. Será que ainda precisa dizer que não estou muito legal hoje?



19.6.04

Porque os quilômetros não acabam com uma amizade verdadeira 

Alanis Morissette — Everything

Você se acostuma com o frio, com o calor. Você se acostuma com o dinheiro ou com a falta dele. Você se acostuma com a inveja, com a ganância e até com a injustiça. Você se acostuma com a corrupção. Você acaba se acostumando com as decepções e as puxadas de tapete. Você se acostuma com as taxas, com os juros, com os pedágios, com os impostos. Você se acostuma com as filas, com a burocracia, com os papéis, com os "vou estar te encaminhando para fulano". Você se acostuma a esperar, esperar e esperar sempre sem ter pra quem reclamar. Você se acostuma com a falta de educação e de boa vontade. Você se acostuma com a pobreza e a fome morando do seu lado sem que possa fazer muita coisa. Você se acostuma com o oi "simpático" daquela pessoa que não te suporta. Você se acostuma com os sapos que tem de engolir, se acostuma a passar por cima de muita coisa para evitar atritos. Você se acostuma a ter que manter sempre o pé atrás para não levar mais uma rasteira. Você se acostuma com os nãos e com as desculpas. Você se acostuma até a ver seus sonhos voando pela janela. Mas você também se acostuma muito fácil a ter um amigo sempre ao teu lado. Você se acostuma com as risadas por qualquer motivo, com os telefonemas intermináveis, com os recadinhos, bilhetes e rabiscos. Você se acostuma com as tardes no shopping, com as festas, com as viagens, com os fins de semana lotados. Você se acostuma com a companhia, com as conversas e confissões, se acostuma a ter conselhos quando fica inseguro. É por isso que a saudade e a distância sempre vão incomodar — a gente não consegue se acostumar nunca com elas.



17.6.04

"Meninos! Cuidado com os baobás!"
ou Meus monstrinhos são baobás pequenos 

Semisonic — Over my head

Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis. Elas adormecem no segredo da terra até que uma cisme de despertar. Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galhinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá... O solo do planeta estava infestado. E um um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.
"É uma questão de disciplina", me disse mais tarde o principezinho. "Quando a gente acaba a toilette da manhã, começa a fazer com cuidado a toilette do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que distingam das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução."

[O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry]

É melhor arrancar os brotos de baobás antes que eles cresçam e destruam o meu planetinha...



16.6.04

It feels like you float in the air 

Weezer — Only in dreams

Isso aí embaixo é só invenção da minha cabeça, que não descansa mesmo quando estou dormindo. Eu acordei felizinha hoje. Como já disse, gosto de sonhos bons. E de dias quentinhos — apesar do vento frio que sopra de vez em quando — com sol e nuvens branquinhas no céu bem azul. E também acho que já disse que consigo desvendar o lado mais secreto de uma pessoa pelas emissoras que estão programadas no rádio do carro dela. Ou pelo porta-cds com os discos preferidos. Mas só agora eu fui pensar que deve ser bem possível me descobrirem ouvindo um CD gravado só com músicas de que eu gosto. Só que não tenho medo, não. Afinal, sei que sou transparente demais pra querer me esconder; não conseguiria. Porque meus olhos transbordam o que sinto. Minhas palavras, sejam quais forem elas, saem carregadas de emoções — boas ou não — mesmo quando tento disfarçar. E, enquanto nada resolve acontecer, continuo nessa de deixar o coração bater e a vida me levar pra onde ela quiser. Vou deixando o rio seguir o seu caminho sem medo e sem querer desviá-lo. Pra falar a verdade, estou começando a me cansar de não ter compromissos pra me fazerem correr, horários chatos pra reclamar, alguma coisa que me ocupe de verdade. Mas, por enquanto, vou me virando do jeito que dá: inventando o que fazer ou então cantando pro tempo passar. Only in dreams we see what it means... only in dreams.



Surto 

Velvet Underground — I can't stand it

"I give it up!" — gritou com toda força, abraçou o travesseiro e jogou fora todas as lágrimas que angustiavam seu peito. Adormeceu entre pensamentos e dúvidas e acordou com uma dor-de-cabeça insuportável e os olhos inchados. Só então percebeu que o mundo continuava ali no mesmo lugar e, por mais que tentasse se esconder, não conseguiria fugir.



14.6.04

A graça não é saber o que acontece 

Los Hermanos — Lisbela

Sabe, tem dia que eu acordo assim meio Lisbela, querendo ir pro lado de dentro dos filmes (geralmente dos livros também, quando têm aquelas confusões todas mas terminam com finais felizes) e não sair nunca mais. Porque aqui do lado de fora tem tanta coisa ruim, tanta gente má e que só pensa em si mesma que eu chego até a ter medo. Medo mesmo, como eu tinha de ladrão, de dormir sozinha no meu quarto escuro ou da Cuca que vinha me pegar se eu não fosse uma boa menina. O problema é que agora eu continuo sendo boazinha — nem invento mais monstrinhos, vejam só! —, mas mesmo assim de vez em quando ainda aparecem uns "bichos-papões" no meio do caminho. Pessoas que só querem saber de se dar bem sem se importarem com o que ou quem precisam derrubar, que não medem esforços para roubarem seu lugar ou te puxar o tapete sem dó e sem pensar nas conseqüências que isso pode causar. Sinceramente, não consigo entender como alguém que faz essas coisas consegue colocar a cabeça no travesseiro e dormir um sono tranqüilo como se nada tivesse acontecido. Até porque, cedo ou tarde, a máscara vai cair — e ela sempre cai. Por isso, talvez, prefiro continuar sendo a bobinha da história, a que é passada para trás. Assim, pelo menos consigo fechar os olhos e sonhar, com a consciência limpa, sabendo que não fiz nada que não devia. E porque, depois dos sonhos, eu acordo como o pãozinho recheado de doce de leite que tem esse mesmo nome: leve e açucarada. "Um belo dia a gente acorda e hummm... o filme passou por a gente e parece que se já anunciou o episódio dois."



12.6.04

Dia dos Namorados — a missão 

Travis — Driftwood

E então eu tive um Dia dos Namorados legal, mesmo sem namorado. Começou com um passeio pelo centro de São Paulo e pela Galeria do Rock (de onde saí com um The Man Who, do Travis). Depois teve shopping e Cazuza — O tempo não pára. O filme é bom, mas achei um pouco superficial demais — eu, por exemplo, que não me lembro tão bem dessa história, não conhecia (ou não reconheci) alguns personagens e boiei um pouco — e tenho certeza de que eles cortaram muita coisa que poderia ser interessante. Mas o Daniel de Oliveira está perfeito no papel principal — e, na minha opinião, muito parecido com o Cazuza em algumas cenas —, assim como a Marieta Severo. Bom, não entendo muito de cinema e não sou a mais indicada para fazer uma crítica, anyway (deixo isso pra ). Enfim, qualquer programa bobo como subir e descer escadas rolantes ou conversar nas mesinhas da praça de alimentação pode ser ótimo dependendo de quem está com você. E o meu Pequeno Príncipe acabou indo embora...



Dia dos Namorados 

Maria Rita — Agora só falta você

Adão e Eva, Romeu e Julieta, Barbie e Ken, a Bela e a Fera, Homem Aranha e Mary Jane, Marge e Hommer Simpson, Popeye e Olívia Palito, Charlie Brown e Lucy, Mickey e Minnie, Donald e Margarida, Chico Bento e Rosinha, Tina e Rolo, Hagar e Helga, Ulisses e Penélope, Tristão e Isolda, Bentinho e Capitu, Orfeu e Eurídice, Dirceu e Marília, Peri e Ceci, Macunaíma e Ci, Lancelot e Guinevere, Páris e Helena, Lampião e Maria Bonita, Júlio César e Cleópatra, D. Pedro I e Marquesa de Santos, Giuseppe e Anita Garibaldi, Hat Butler e Scarlet O´Hara, Juan e Eva Perón, Rodin e Camille Claudel, Diego Rivera e Frida Kahlo, John e Jacqueline Kennedy, Audrey Hepburn e Gregory Peck, Elisabeth Taylor e Richard Burton, Hitler e Eva Braün, Mulder e Scully, Buffy e Angel, Rachel e Ross, Bonnie e Clyde, Clark Kent e Lois Lane, Demolidor e Elektra, Ciclope e Jean Grey, Noturno e Mystica, Vampira e Iceman, Bridget Jones e Mark Darcy, Jeannie e Major Nelson, John Lennon e Yoko Ono, Kurt Cobain e Courtney Love, Cris Martin e Gwineth Paltrow, Fernanda Takai e John, Malu Mader e Tony Belotto, Brad Pitt e Jennifer Aniston, Victoria Adams e David Beckham, Gisele Bündchen e Leonardo di Caprio, Reese Witherspoon e Ryan Phillippe, Natalie Imbruglia e Daniel Johns, Madonna e Guy Ritchie, Rob Fleming e Laura, Edward Lewis e Vivian Ward, Roger e Jessica Rabbit, Tarzan e Jane, Fred e Wilma Flintstone, Barney e Beth, Bambam e Pedrita, a Dama e o Vagabundo, Gomes e Mortícia, Neo e Trinity, Rui e Vani. Blue e ...?



11.6.04

Porque escrever é (im)preciso 

Wallflowers — I started a joke

Acontece que eu tenho andado assim meio "de mal" com as palavras. Chego aqui, penso penso penso e não sai nada. Aí eu resolvo fechar a página e acabo desistindo. Mas o que fazer com esse monte de pensamentos que aparecem por aqui? Engolir? Vomitar? Esquecer? Não consigo, preciso escrever. Como? Não sei! Então eu tento re-pensar nas coisas que passaram por mim e acabei lembrando que uma vez eu escrevi que a vida nem sempre é assim, como a gente imagina. E um dia, alguém lá em cima resolve apagar a linha que nos prende a uma outra pessoa e levá-la pra bem longe e a gente não pode fazer nada. Ou então esse mesmo alguém do alto decide que deve pegar a caneta mais forte e passar por cima dessa linha com toda vontade, deixando-a ainda mais resistente. E eu começo a ver que, independente das pessoas estarem distantes umas das outras, existem linhas fáceis de se apagar e outras quase impossíveis, feitas com ponta de faca afiada e marcadas com sangue. Dói ver que essas cicatrizes continuam doendo e fazendo sofrer e chorar mesmo depois de tanto tempo. Mas o que me incomoda ainda mais que saber disso, é perceber que não posso evitar essa dor ou as lágrimas de quem está do meu lado e, de certa forma, espera que eu faça algo. Posso, sim, emprestar o ombro, fazer rir com minhas piadas bobas ou simplesmente ouvir e calar. Às vezes a gente descobre amigos no meio de garrafas de cerveja e copos vazios sobre a mesa de um barzinho. Só porque a banda começou a tocar uma música que foi importante, um dia, na vida de alguém.



8.6.04

Retrospectiva musical 

[mentalmente] Aquela música chata do Linkin Park que não sai da minha cabeça desde que eu acordei

Estava mexendo numa coisas antigas minhas e, entre cartas, agendas e caderninhos recheados de dúvidas, inseguranças e descobertas, encontrei minha caixinha de fitas K7 — em que não mexia há uns 5 ou 6 anos, no mínimo. Resolvi ver o que tinha lá dentro e tirando as várias trilhas de novela (que minha avó de Santos amava me dar de presente), uma pirata de Sandy&Junior (don't kill me, please!), uma cópia de um dos primeiros "Na Balada JP" (que uma amiga minha que queria me ensinar a ouvir música eletrônica — ou however they're called — me deu) e uma outra do Richard Clayderman (que eu devo ter gravado pra minha outra avó e não entreguei até hoje), dá pra ver que eu entrei no mundo da música por um caminho relativamente certo: Dois, da Legião Urbana; Calango, do Skank; Big Ones, do Aerosmith; Televisão de Cachorro, do Pato Fu; um do Guns 'n Roses (que deve ser o Use Your Illusion ou o Spaghetti Incident, não tenho certeza), outro do Red Hot Chilli Peppers (provavelmente o Blood Sugar Sex Magic); Vamo Batê Lata, dos Paralamas; o Ten, do Pearl Jam (que hoje virou uma cópia em CD, herança do *.exn) e uma coletânea com Beatles, Eagles, Eric Clapton, Dire Straits, R.E.M., Tracy Chapman, Led Zeppelin, Scorpions, Faith no More e Whitesnake. Fazendo uma média, acho até que eu ouvia umas músicas boas — considerando que, mais ou menos nessa mesma época, a grande maioria das minhas amigas estavam apaixonadas pelos loirinhos do Hanson ou enlouquecidas pelos Backstreet Boys. E me lembro direitinho do capricho que eu tinha pra fazer as fitas (geralmente gravadas das originais ou dos CDs dos meus primos), inventar umas capinhas legais — o único problema é que eu não copiava o título do álbum, só colocava o nome da banda — e depois arrumá-las todas em ordem alfabética.
Coloquei Guns pra tocar e veio direitinho a imagem daquelas tardes em que eu corria pra casa só pra ver se o clipe de Patience tinha ficado no primeiro lugar do Disk MTV — quando a Astrid ainda não tinha virado apresentadora de programa vespertino de fofoca e os meus joelhos ainda me permitiam jogar vôlei no time do clube. É engraçado perceber quanta coisa mudou nesse tempo...



Múltipla escolha 

Coldplay — Clocks

O que me faz ficar acordada até essa hora?
a) Insônia
b) Fome
c) Muita coisa pra fazer
d) _____________________



5.6.04

Isso não se faz! 

Los Hermanos — O pouco que sobrou

É pecado tirar pirulito da mão de criança...

.
.
.

Eu cansei de ser assim, não posso mais levar
Se tudo é tão ruim, por onde eu devo ir?
A vida vai seguir, ninguém vai reparar
Aqui neste lugar eu acho que acabou
Mas eu vou cantar pra não cair
fingindo ser alguém que vive assim de bem



3.6.04

Conto em construção
*por Fernando Cesarotti e Luciana C.
(escrito à 4 mãos para eu não levar a culpa sozinha)
 

TRIIIIIIM! (merda de telefone, tem que tocar justamente enquanto eu tô no banho) TRIIIIIIM! (saco, eu já tava saindo, agora vou ter que deixar aquela molhadeira no corredor) TRIIIIIIM! (caralho, eu já tô chegando, nem banho a gente pode tomar mais?) TRI... — Alô! (total stress mode ON) Oi, Fê, tudo bem? (epa, deixa eu maneirar, fazer uma voz mais... simpática) Nada não, é que eu tinha acabado de sair do banho... (mentira!) Por que essa voz meio chorosa? Como? (terminou com aquele idiota? Yes!) Ele disse que não quer mais saber de você? (Ah, agora chegou a minha vez!) Calma, Fê, calminha aí... Cê quer que eu vá na tua casa? Eu ia passar por aí mesmo, para te levar aquele CD do Oasis (ô desculpa esfarrapada), antes de ir pro jornal, a gente conversa. Toma uma água, fica calma, vai passar... Beijo, tô indo. Tchau!



— YES! (momento de surto psicótico) Contexto: Fê, Fernanda, é minha colega de trabalho, grande amiga. A gente se conhece desde a faculdade. E, para falar a verdade, eu sou apaixonado por ela. Não faz muito tempo, só alguns meses. Só que ela namora há três anos, com um cara que mal conheço e que não vai muito com a minha cara —­ compreensível, eu também não iria. Eu sempre gostei dela, achei-a linda e tal, mas nunca rolou nada, era só amizade, mesmo.

Até que um dia, há uns quatro meses, eu terminei meu último namoro —­ mais de dois anos, tinha começado praticamente junto com o dela. Eu fiquei muito mal, deprimido pacas. E ela me deu muita força, me consolou, conversou muito, e a gente ficou ainda mais próximo. Aí você junta um papo aqui, um CD gravado sob medida ali, etc. e tal e pronto: fodeu, eu me apaixonei.

Só que, já disse, ela tem namorado. Ou tinha, pelo menos é o que ela acaba de me contar, que brigou com o fulano. Pode ser minha chance, mas eu não devia pensar assim. Afinal ela namora há um tempão, fala em casar e é minha amiga, e mulher adora o papo de que "ah, ficar com amigo estraga a amizade". Eu não devo ficar pensando nisso. Vou lá entregar o Masterplan para ela, depois vou pro jornal.

Mais contexto: meu nome é Renato, tenho 25 anos e sou jornalista. Hoje é domingo e eu estou de plantão. Tudo bem que eu adoro futebol, mas eu tinha que estar de plantão justo hoje? Aliás, ela tinha que terminar o namoro justo hoje, domingo do meu plantão?

Pára de sonhar, animal! Você sabe que eles vão voltar, afinal de contas ela vai casar com o cara. E eu tenho que deixar de ser besta e parar de pensar nisso, porque senão eu vou me apaixonar de novo e vou dar com os burros n'água mais uma vez. Vou levar o CD, conversar um pouco, dar uma atenção e depois vou pro jornal. Quando eu sair, se ela estiver a fim, se ela já não tiver voltado com o cara, a gente pode dar uma volta, pegar um cinema, um teatro, tomar um chope...

And they will dance if they wanna dance, please brother take a chance, you know they're gonna go, which way they wanna know. All we know is that we don't know what is gonna be. Please brother, let it be, life on the other hand won't let you understand... why we're all part of the masterplan.

"The Masterplan", a música, é a canção mais foda de The Masterplan, o disco. Que eu acho o mais foda do Oasis, embora seja, em tese, apenas uma coletânea de lados B e canções rejeitadas. Eu falei tanto desse disco que ela, que nem curte tanto Oasis, me pediu emprestado. E eu fiz mais: gravei uma cópia genérica para ela.

No caminho até a casa dela, ponho o CD para tocar pela 54.826.ª vez nos últimos meses ­— desde que "brotou" essa paixão pela Fê. Meu inglês é meio tosco, então eu não entendo direito o que eles dizem, preciso recorrer ao encarte, e mesmo assim não saco o contexto exato. De qualquer forma, essa última frase, acho, se encaixa em algo que acredito: somos apenas parte de uma coisa muito maior. Será que ela vai entender que o papel dela no "masterplan" é junto comigo? Será que isso tem mesmo a ver? Olha o pensamento voando...



Chego à casa dela. (Eu vou me segurar. Eu não vou fazer papel de palhaço. Tá ouvindo bem, Renato? Não, sem possibilidades) DIM-DOM... (Sem enrolação, é entregar o CD pra ela, conversar um pouco e eu vou trabalhar. Pronto, simples.) Por que a Fernanda não atende essa porta? (Se bem que ela podia aproveitar a oportunidade e me contar que, na verdade, eles terminaram porque o tal cara descobriu que ela sempre foi a fim de mim, que desde a faculdade ela ficava torcendo pra acontecer alguma coisa entre a gente só que tinha medo de chegar e não ser nada do que ela pensava e fuder com a nossa amizade) DIM-DOM... (Não, isso nunca! Alo-ôu, Renato, acorda seu idiota! Como é que a Fê ia ficar tanto tempo do lado daquele escroto se ela gostasse de você? Tudo bem que ele é insuportável e que não sabe conversar sobre nada, e que você viva grudado nela desde quando se conheceram no primeiro dia de aula e passem madrugadas conversando sobre tudo, inclusive sobre as (des)aventuras amorosas de vocês...) Caramba, onde ela se enfiou, hein? (Acorda, palhaço! Esse assunto específico em que você e ela são os personagens principais e que a ação envolva algum sentimento nunca esteve entre as pautas das intermináveis conversas que vocês tiveram. Cara, quando é que você vai aprender a ser homem, deixar de lado essa história de ficar imaginando contos de fada, princesinha Fê chegando no cavalo branco e um final onde vocês vivem felizes para sempre?) Porra, não acredito! DIM-DOM!!! Cadê a Fernanda? Eu não avisei que tava vindo aqui trazer o CD que ela queria ouvir? Ela sabe que eu ODEIO esperar, e ainda por cima tenho que ir trabalhar...

— Rê, é você?
— Sim, Fê, sou eu... (bom, pelo menos ela não tava no telefone com aquele cara. Só ia ser pior pra ela, eu sei como é complicado e difícil terminar uma relação assim, digamos, longa... mas pior ainda é ter que ficar conversando ao telefone e fingir que tá tudo bem...)
— Desculpa, é que minha irmã saiu e, pra variar, jogou a chave em qualquer lugar... (que abraço delicioso) Ai, Renato, que bom que você veio me ver! (melhor ainda sem um mala do lado para censurar) Sabia que podia contar com você, querido...
— Que é isso, Fê, não liga! (se toda vez que tiver de esperar tanto assim eu ganhar um abraço desses...)
— Eu sei que você não gosta de esperar... e eu também sabia que você estava vindo pra cá, mas é que o Rafa me ligou... (Não acredito! Será que aquele filho da mãe não se contenta em saber que a Fê já tá mal o suficiente pra ele ficar ligando e enchendo o saco, falando merda pra ela? Não é possível, já não chega deixar a coitadinha assim, arrasada, chorando sem parar desde ontem. Já até imagino porque eles terminaram... No mínimo aquele filho da puta saiu com aquela tal de... como é mesmo o nome dela? Carol? Isso, Carolina... Ele só pode ter saído de novo com ela. Bom, mas pelo menos o cachorro teve a coragem de contar pra Fê) ... Ei, Renato! Você tá ouvindo o que eu tô falando? Renaaaa-to!

Na verdade não fazia idéia do que ela tava falando, só lembro de ter ouvido algo sobre o fato do Rafael ter tido a petulância de ligar pra ela de novo.

— Claro que tô, Fê... Você tava contando que o Rafael te ligou, não é?
— É, mas o que você acha que eu devo fazer?
— Hum... ééé... (oh-oh, entramos numa fria!) Ah, é complicado... er... eu acho que você deve fazer o que você tem vontade, sei lá... (não consegui sair bem dessa, que lixo de resposta!)
— Mas Rê, esse é justamente o problema, eu não sei o que eu quero... Por um lado eu amo o Rafa, a gente já tá junto há um tempão. Você sabe como é, a gente se conhece bem, sempre demos certo, eu já tô tão acostumada com isso... E tem outra, a gente tava pensando em se casar... (é, eu sei. Infelizmente, eu sei, Fernanda. Epa, minha cara de ovo azedo deu a perceber isso, não?) Mas por outro lado, eu não sei se é isso mesmo que eu quero. Sei lá, eu ainda tenho 24 anos, acho que tinha muita coisa pra viver antes de me comprometer com alguém de um jeito tão sério, eu tenho medo... E você sabe, né? Eu ainda tenho planos de pegar minha mochila e ir morar uns tempos lá na Inglaterra, me virar como der, arranjar um emprego legal e, quem sabe, ficar por lá mesmo. (Vamos, eu largo tudo e vou junto com você!) Desde o primeiro ano da faculdade que eu sonho com isso... Lembra quando a gente combinava que assim que saísse nosso diploma a gente enfiava ele na mala e ia direto pro aeroporto? (ah se lembro... puta merda, eu tenho que ir trabalhar!)



O fato é que mudamos de assunto, começamos a relembrar os velhos tempos do início da faculdade, as festas, nossos porres, aquela vez em que eu passei na casa dela às 2 da madrugada e a gente desceu até a praia só para ver o sol nascer, quando nós fomos acampar e choveu todos os dias e nós passamos a semana inteira dentro da barraca, conversando, bebendo e rindo...

O tempo foi passando e a gente nem percebeu que eu tinha esquecido do meu plantão (já imagino o sermão e a cara que o editor vai fazer quando eu chegar no jornal amanhã), não vimos que tinha anoitecido. Mas, enquanto ela falava, meus olhos brilhavam. E nada no mundo vai me fazer acreditar que exista gargalhada mais bonita que a dela, mesmo com os olhos inchados e o nariz vermelhinho.

A Fernanda ria com o corpo e com a alma, me deixava totalmente enfeitiçado com aquele jeito. E nada me preocupava — nem a boa possibilidade de ter de procurar outro emprego. Não, eu não a beijei, apesar da enorme vontade. Nem ela decidiu se ia tentar retomar o namoro com o tal de Rafael. Aliás, eu já nem me lembrava mais disso. Ali, naquele momento, o que importava para mim é que eu estava me divertindo como antes. Ou melhor, como nunca na vida. E o fato é que eu estava ficando cada vez mais apaixonado por aquela garota...



2.6.04

Sempre, sempre Alice 

Aimee Mann — Save me

"Gatinho de Cheshire, poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar pra sair daqui?"
"Isso depende bastante de onde você quer chegar", disse o Gato.
"O lugar não me importa muito...", disse Alice.
"Então não importa que caminho você vai tomar", disse o Gato.
"...desde que eu chegue a algum lugar", acrescentou Alice em forma de explicação.
"Oh, você vai certamente chegar a algum lugar", disse o Gato, "se caminhar bastante."
Alice sentiu que não havia como negar essa verdade, por isso tentou outra pergunta. "Que tipo de pessoas vivem por aqui?"
"Nesta direção", disse o Gato, girando a pata direita, "mora um Chapeleiro. E nesta direção", apontando com a pata esquerda, "mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser, são ambos loucos."
"Mas eu não ando com loucos", observou Alice.
"Oh, você não tem como evitar", disse o Gato, "somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca."
"Como é que sabe que eu sou louca?", disse Alice.
"Você deve ser", disse o Gato, "senão não teria vindo pra cá."

[Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll]



1.6.04

Ah, o amor... 

Silverchair — Do you feel the same?

Existe uma coisa chamada amor. Bom, dizem que existe — afinal, quem e' que consegue provar que ele existe mesmo? Houve uma epoca em que sonhava dia e noite com o momento em que eu encontraria o "amor da minha vida" e seriamos felizes para sempre. Tudo culpa dos contos de fadas e das historias lindas e mirabolantes que eu cresci vendo na TV, no cinema, nos livros. Mas ai' eu comecei a prestar atencao nas letras das musicas que eu ouvia e percebi que nem sempre aquele "grande amor" tem um final feliz, que o amor as vezes fazia as pessoas sofrerem e deixei isso um pouco de lado — sem, contudo, me esquecer daquela historia de nascer-crescer-reproduzir-morrer ou o ciclo natural da vida que eu aprendi nas aulas de Ciencias, eu acho. O tempo passou e eu continuei com aquela esperanca adormecida aqui dentro de mim. Num belo dia, encontrei alguem pretenso a levar uma relacao, digamos, estavel comigo e voltei a acreditar que sim, talvez fosse mesmo possivel encontrar alguem com quem eu me entendesse bem, alguem pra conversar, dividir momentos bonitos e tambem os tristes, que conseguisse me encher de abracos e beijinhos e carinhos sem ter fim — o tal do "grande amor", tao esperado. So' que o tempo vai passando, os problemas aparecem, alguns desentendimentos atrapalham o bom andamento da coisa e quando a gente percebe ja' perdeu o controle e o amor foi pro ralo. (E' nesse ponto que surgem as letras de musica depressivas e chorosas, as poesias sentimentais, os finais tragicos.) A gente cresce, as coisas complicam de vez, as decepcoes se acumulam e entao voce comeca a duvidar dessa instituicao chamada casamento. Conhece pessoas que cada vez mais te dao a certeza de que nao vale a pena acreditar em alguem. Acaba percebendo que datas como o Dia dos Namorados sao puro jogo de marketing pra tomar dinheiro de voce em troca de declaracoes de amor recheadas de cifroes — ou voce nao conhece alguem que colocaria a relacao em duvida se o namorado chegasse, no dia 12 de junho, com um bilhetinho e uma florzinha arrancada do jardim na mao? So' que em meio a essas descobertas e conclusoes voce presta atencao a sua volta e ve seus pais juntos mesmo depois de tantos problemas e de tanto tempo, seus avos discutindo o tempo todo por motivos bobos mas sempre trocando carinhos. Sera' que o mundo ta' tao doido que acabaram por extinguir esse tipo de amor que consegue ser mais forte que as discussoes (e as tentacoes, que cada vez sao mais comuns)? Sera' que da' pra fingir assim tao bem durante 25 ou 50 anos? Sera' que de tanto repetir o "eu te amo" o cerebro comeca a absorver uma mensagem subliminar e acredita — porque eu tambem aprendi que os sentimentos vem da cabeca e nao do coracao — que realmente ama e que nao pode viver sem a outra pessoa? Ou sera' que tudo isso nao passa de comodidade (se voce diz que ama e ouve que e' amado tem sempre alguem do seu lado pra fazer cafune, te esquentar na cama ou te dar remedio quando ficar doente) e costume (voce ja' passou tanto tempo com uma pessoa que nem se imagina vivendo ao lado de outra)? Sinceramente nao sei mais se acredito tanto no amor como ja' acreditei um dia. Mas confesso que preferia mil vezes poder voltar 'aquela epoca em que eu dormia e acordava pedindo para que o "meu amor" viesse logo — era tudo tao mais bonito...



.Info:
 .e-mail
 .icq: 83585604
 .orkut | multiply
 .fotolog | jotelog
 .wishlist

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
[Clarice Lispector]

 


.Ultimos posts:
 .Mudanças
 .Novidades by Luciana C.
 .Saudade
 .Não está sendo fácil, mas estou feliz
 .Ando sumida mesmo, mas é por uma ótima razão. Pelo...
 .12 de maio de 2004
 .A vida é feita de escolhas...
 .Encontros e Despedidas
 .Consumista, eu?
 .Muito mais que muito bom

 


.Layouts Passados:
 .Fallen angel [info]
 .Love is all around
 .Some say love is holding on... some say letting go
 .Let me be your teddybear
 .Porque rir ainda é o melhor remédio
 .Primavera [info|links]
 .All I wanna do is have some fun
 .We're always looking out for one another
 .Nobody said it was difficult, though

 


.Layouts by Luciana C.:
 .Sabrina em New York
 .Peixe do Tietê
 .Seu Umbigo [com imagens da Maíra]
 .Além das Portas
 .O Filho do Meio
 .Mary Jo and the dream of horses
 .Ervilhas Jurema


 

 


.Blogs:
 .Alice
 .Chebel
 .Christian
 .Didi
 .Du
 .Érika
 .Fefas
 .Gelka
 .Hiran
 .João
 .Juju
 .Kako
 .Maíra
 .Maitê
 .Mary Jo
 .Masili
 .Monica
 .Natynha
 .Paula
 .Randall
 .Spectorama
 .Ti Cohen

 


.Links:
 .02 neurônio
 .Alguns Tormentos
 .B*Scene
 .Comunique-se
 .Digestivo Cultural
 .Los Hermanos
 .Ludov
 .NANDO REIS
 .Pensata
 .PressPlay Project
 .Rabisco
 .Scream & Yell
 .TPM
 .Speculum
 .Wonkavision

 


.Arquivos:
 .outubro 2003
 .novembro 2003
 .dezembro 2003
 .janeiro 2004
 .fevereiro 2004
 .março 2004
 .abril 2004
 .maio 2004
 .junho 2004
 .julho 2004
 .agosto 2004
 .setembro 2004
 .outubro 2004
 .novembro 2004
 .dezembro 2004
 .janeiro 2005
 .fevereiro 2005
 .março 2005
 .abril 2005
 .maio 2005
 .junho 2005
 .julho 2005