Alanis Morissette — Hands Clean

Domingo + Frio + Carencia + Celular tocando + Proposta aceita = arrependimento. Antes eu deixasse meus instintos falando sozinhos, virasse pro lado e dormisse. Mas sou teimosa, nao aprendo. Cansei de jogar, sabe? Perdeu a graca saber, de certa forma, como as pecas estao dispostas no tabuleiro e de que forma dar um cheque-mate sem colocar em perigo a minha rainha. Fiz a jogada direitinho, mexi as pecas certas e acabei ganhando uma partida. So' que a segunda foi muito mal aproveitada, sem pensar muito nas jogadas, sem dar tempo pra que tudo ocorresse da forma esperada. Ai' eu acabo me arrependendo, querendo voltar no tempo pra ver se apago essas coisas que eu faco. Agora esta' decidido: no more games, no more faking. Daqui pra frente, quero tentar viver as coisas "de verdade" — e, de preferencia, sem pensar muito antes.

Mais uma "cria" da Blue Inc.: O Filho do Meio, um blog onde o Randall vai postar o livro como um folhetim pop. Se voce leu "Alem das Portas" e gostou mas nao aguenta esperar pelo tao prometido "Uma Outra Primavera", nao perca tempo. Corre pra la!

Wilco — Heavy metal drummer

Que eu vivo de sonhos, todo mundo ta' cansado de saber. O problema e' quando esses meus sonhos comecam a aparecer mesmo quando estou bem acordada. Isso, as vezes, chega ate' a me dar medo de mim mesma. Porque sinto umas coisas que eu acho que nao deveria — ou pior, que nao consigo entender. Tenho saudades de pessoas que nao conheco, de situacoes que nao vivi e, quem sabe, nem viverei. Me sinto vivendo dentro de um livro que nao quero terminar de ler nunca. Eu mudo, mudo, mudo e volto sempre ao mesmo lugar. E' aquela velha historia da "mudanca de 360º": tudo igual, tudo diferente. To vendo que nao vou aprender nunca... ainda mais quando comecam a tocar essas musicas que falam por mim.

This place is always such a mess
Sometimes I think I'd like to watch it burn
I'm so alone, and I feel just like somebody else
Man, I ain't changed, but I know I ain't the same...
["Cinderella", Wallflowers]

The Vines — Highly envolved

Eu só queria entender porque ninguém nunca me contou que viver era assim tão complicado...

Ben Harper — Diamonds on the inside

Impotente [Do lat. impotente.] Adj. 2 g. 1. Que não pode; fraco, débil.

É exatamente assim que eu me sinto: assistindo tudo ao meu redor sem poder fazer nada pra mudar. Injustiça me revolta, ainda mais quando acontece do meu lado e eu tenho que ficar quieta. Queria muito saber como ajudar, mas tenho medo de não ser capaz. Só sei que não posso agora virar mais um problema no meio desse furacão que resolveu passar por aqui.

Red Hot Chili Peppers — Road Trippin'

Domingo à tarde com uma preguiça enorme somada a nada pra fazer dá nisso: cama, edredom, chocolate e controle remoto. O problema é conseguir encontrar alguma coisa boa pra assistir quando não se tem TV paga. Passeei pelos canais e acabei parando no Pânico na TV — na falta de coisa melhor, acabei rindo com aquelas piadinhas sem graça. Até que cansou. Consegui pegar uma matéria/entrevista inteira com a Maria Rita e chorei um pouquinho (hormônios à flor da pele, I guess) vendo ela cantar com aquele barrigão. Devo estar com problemas, porque logo depois fui pra MTV e assisti um clipe inteiro dos meninos do Br'oz e ainda fiquei pensando que é engraçado conhecer alguém que participou e passou nas primeiras eliminatórias do tal programa — eu conheço! Mais uma zapeada e, quando passo pela Globo, não acredito no que eu vejo: quatro mocinhas rebolando para as câmeras, gemendo e pensando que cantam funk. Mais alguns segundos e Caetano Veloso, pelo que entendi uma espécie de padrinho do "Bonde Faz Gostoso" (ou algo parecido), aparece dizendo que isso é cultura brasileira — sinto muito, mas nessas horas prefiro deixar o patriotismo de lado — enquanto a platéia delira, pedindo mais um. E, pra colocar um ponto final definitivo nesse meu passeio televisivo, o mesmo Caetano consegue transformar "Come as you are" em uma ladainha chata e sem graça, com direito a uma sambadinha no fim. Kurt Cobain também deve ter sambado (de desgosto) no túmulo — juro que eu ainda não tinha acreditado que essa história dele gravar a música do Nirvana era verdade. Pois é, acho que acabei me lembrando o porquê da minha TV estar desligada há tanto tempo... tenho certeza de que ganho muito mais terminando de ler "A Órbita dos Caracóis" enquanto ouço o meu "12 Memories" comprado no camelô — afinal, não é porque não tenho dinheiro que eu preciso engolir essas porcarias que aparecem por aí.

Wallflowers — Cinderella

Pegou a agenda de telefones, abriu em uma pagina qualquer, leu o primeiro nome e ligou.

— Alo?
— Oi, e' a Aline. Tudo bem?
— Aline? Oi, Aline... tudo bem e voce, como ta?
— Bem. Entao, vai fazer alguma coisa hoje?
— Nao sei. Acho que nao. Por que?
— Tava afim de sair... com voce. O que acha de irmos num barzinho mais tarde?

Agora e' com voce! Escreva algumas frases e vamos descobrir como termina essa historia...

Smiths ? I Know It's Over

Eu sei que acabou. Todo mundo sabe. O namoro. A faculdade. Alguns planos. A vida "facil", bancada pelos meus pais. Acabou, ponto final. So' que por mais que eu saiba disso, nao sei porque me prendo a essas coisas. Preciso olhar pro futuro e me desprender um pouco do que ja' passou. Preciso andar pra frente. Preciso deixar esse medo do desconhecido de lado e me arriscar um pouco mais. So' hoje ja' ouvi essas mesmas coisas um milhao de vezes.
Mudando de assunto... sera' que o resultado do concurso que eu prestei domingo vai demorar pra sair?

"No meio da fumaça Catarina começou a caminhar de volta, as sobrancelhas franzidas, e nos olhos a malícia dos estrábicos. Sem a companhia da mãe, recuperara o modo firme de caminhar: sozinha era mais fácil. Alguns homens a olhavam, ela era doce, um pouco pesada de corpo. Caminhava serena, moderna nos trajes, os cabelos curtos pintados de acaju. E de tal modo haviam-se disposto as coisas que o amor doloroso lhe pareceu a felicidade — tudo estava tão vivo e tenro ao redor, a rua suja, os velhos bondes, cascas de laranja — a força fluia e refluia no seu coração com pesada riqueza. Estava muito bonita neste momento, tão elegante; integrada na sua época e na cidade onde nascera como se a tivesse escolhido. Nos olhos vesgos qualquer pessoa adivinharia o gosto que essa mulher tinha pelas coisas do mundo. Espiava as pessoas com insistência, procurando fixar naquelas figuras mutáveis seu prazer ainda úmido de lágrimas pela mãe. Desviou-se dos carros, conseguiu aproximar-se do ônibus burlando a fila, espiando com ironia; nada impediria que essa pequena mulher que andava rolando os quadris subisse mais um degrau misterioso nos seus dias." [Clarice Lispector — trecho do livro "Laços de Família"]

Antes de comecar a tentar me entender, desista: tenho sentimentos muito confusos que nem eu mesma consigo dominar. Porque pode estar tudo muito bem resolvido aqui dentro e, de repente, uma vontade enorme de remexer no passado aparece e me da' uma rasteira. Ou entao eu estou aqui quietinha no meu canto e, assim do nada, comecam a aparecer coisas que nao deveriam aparecer. Mas quando eu menos espero, ja' esta' tudo bem de novo e eu nem me lembro mais porque nao consegui dormir direito ou porque resolvi reler pela trigesima vez o livro do aniversariante. E', o dia acordou cinza e frio, minhas maos congelam e o coracao bate tranquilo aqui dentro, depois do susto — porque eu preciso aprender que e' melhor deixar aquele montinho de po' quieto ali no canto do que mexer e espalhar po' por todos os lados. Mesmo porque eu tambem devo ser po' pra alguem. Ha muito tempo.

Incubus — Circles

Chega a ser ate engracado como eu mudo de opiniao sobre uma pessoa depois que fico sabendo que ela gosta (ou nao) dessa ou daquela banda, desse ou daquele livro. Se, assim do nada, a gente estiver conversando e voce comentar que curtiu um dos meus livros preferidos, pode ter certeza de que nao vou pensar duas vezes antes de querer voltar a conversar com voce. Porem, se voce comentar que odeia uma musica que eu amo (ou vice-versa), por mais que eu goste de voce, sinto muito: as coisas nao vao continuar sendo do mesmo jeito. Nao da, eu nao consigo. Posso ser chata, implicante... ridicula, ate. Mas eu sou assim e nao sei o que fazer para mudar — juro que ja tentei abstrair e nao funcionou. O problema e' que eu nao consigo, por exemplo, lembrar que voce tem um poster do Jota Quest atras da porta do seu quarto sem ter que me segurar para nao me acabar em sorrizinhos maldosos (na sua frente, o que e' pior!). Sera que eu e' que tenho problemas?

Travis — She's so strange

Em ingles ha os verbos regulares e os irregulares.
Para se formar o passado dos verbos regulares, acrescenta-se -d/-ed ao verbo. (Ex.: love — loved, change — changed)
Se o verbo terminar em -y precedido de consoante, troca-se o y por -ied. (Ex.: try — tried, cry — cried)
Se o verbo terminar em silaba forte formada por consoante/vogal/consoante, dobra-se a ultima consoante e acrescenta-se -ed. (Ex.: permit — permitted, stop — stopped)
Os verbos irregulares nao seguem as regras acima para a formacao do passado. Existe uma lista enorme que voce deve decorar.

Meus verbos no passado sao todos irregulares. Nunca sei como conjuga-los. E o pior e' que nao existem regras nem uma lista para ser consultada em caso de duvidas.

Nirvana ? Smells like teen spirit

Mais um layout by Luciana C. acaba de sair do forno: dessa vez foi uma encomenda especial para o Além das Portas. Um blog com esse nome merecia um lay mais bacanudo, mas eu acho que a escolha de Nirvana como trilha sonora ajudou na inspiracao. Estou meio enferrujada, entao aos poucos a gente vai aperfeicoando o resultado.

Nando Reis — Mesmo sozinho

Poderia falar do frio que irrita minha garganta, me deixando rouca. Poderia falar da minha peixinha, que amanheceu boiando no aquario (o frio, de novo, eu acho). Poderia falar que nao gostei das mudanças no Blogger. Poderia falar da colica que atrapalhou meu sono a noite toda. Poderia falar da bagunça que virou minha vida nos ultimos dias. Poderia falar dos meus medos, dos meus sonhos desfeitos, das minhas decepçoes. Poderia falar do concurso que eu vou prestar domingo. Poderia falar da minha vontade de pegar um aviao e me mandar pro outro lado do mundo sem pensar muito antes. Poderia falar da minha insegurança em relaçao ao meu futuro profissional e de todo medo de nao conseguir fazer dar certo. Poderia falar dessa porcaria que e' ter que fazer coisas de que eu nao gosto de verdade pra conseguir ter (um pouquinho de) dinheiro todo mes. Poderia falar que nao tenho conseguido me divertir pra valer ha algum tempo, mesmo quando estou com os amigos. Poderia falar das saudades, das lembranças; dos planos, de alguns projetos. Poderia falar de tanta coisa. Mas ultimamente tenho preferido ficar quieta, apesar de ter virado uma menina tagarela que fala descontroladamente sobre nada. Ouvi dizer que pode ser uma forma de defesa: falo muito para nao deixar que me perguntem o que nao quero responder. Vai ver e' isso. Na verdade, nem sei bem se existe mesmo alguma coisa sobre o que nao quero falar. Whatever...

"Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena, deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta freqüência."
Clarice Lispector

1. Sou culta demais. (primeiro lugar quase que por unanimidade)
2. Sou chata demais.
3. Sou metida demais.
4. Sou quieta demais.
5. Sou "certinha" demais.

E' por isso que eu digo que se as pessoas ligassem um pouquinho menos para as aparencias, varias delas seriam muito, mas muito mais felizes. Pois e'.

Teenage Fanclub — Guiding Star

As vezes me sinto sozinha, apesar de alguns amigos aqui e ali. Ando totalmente perdida entre tantos pensamentos que me consomem o sono. Tenho comido compulsivamente tudo o que vejo pela frente e ontem pode ter surgido um principio de bulimismo em mim pouco antes de me deitar — mas juro que fui mais forte que aquele impulso. Acho que ja nao estou mais conseguindo administrar tanto tempo livre, nao sei mais conviver com essa falta do que fazer.

Talvez o limite esteja proximo. O problema e' nao saber para onde ir, uma vez que as possibilidades estao se esgotando.

Counting Crows — She don't want anybody near

As vezes eu acordo e penso que a gente deveria nascer com um botaozinho de REW, igual aquele que tem no meu cd player. Assim, caso a gente fizesse alguma coisa que nao deveria ter feito, era so segura-lo por alguns segundos e tudo estava desfeito, apagado. Ou podia, pelo menos, existir um FF para a gente apertar e passar mais rapidamente pelas consequencias do que aconteceu. Ontem, por exemplo, eu deveria ter ficado em casa, dormindo, sozinha. Alias, tudo conspirava para que fosse assim. Mas fui teimosa, nao dei atencao para os sinais que me diziam que eu nao devia sair e deu no que deu. Agora, paciencia. Vamos esperar pra ver o que vem pela frente.