27.2.04

Uma margarida comum, um beijo ou um simples abraço 

Nando Reis — Um simples abraço

Queria entender porque tanta gente entende tudo errado. Desde que consigo me lembrar, sempre tive mais amigos homens do que mulheres, por vários motivos que dependiam da época — porque as meninas não iam muito com a minha cara, porque andava com amigas bonitas, porque eu era a primeira que tinha coragem de ir conversar com a turminha de meninos etc etc etc. E desde que eu comecei a ter amigos homens, não houve uma única turma em que pelo menos um menino entendeu errado a minha amizade. Sei lá se é porque eu sou atenciosa com quem me dá atenção ou porque eu sou carente e me apego demais às pessoas ou simplesmente porque eu confundo as coisas, vai saber. Mas juro que não é de propósito. Hoje mesmo estava conversando sobre isso e a Lili me disse que achava que eu era afim de um amigo nosso desde o primeiro ano da faculdade. E contou que um outro tinha certeza de que eu pagava um pau pra ele. O engraçado é que os caras pelos quais eu me interesso nunca acham isso. Ou será que eu que me interesso pelos caras errados? Ah, não sei. Só sei que esses últimos dias têm sido muito estranhos. Parece que eu acordo e sinto o cheiro de um dia que já passou, parece que, de repente, vem um flash de memória que me faz sentir alguma coisa que já senti — sei lá, não consigo explicar. Aí fico com aquela sensação de que está faltando algo aqui. Umas últimas pecinhas do quebra-cabeças de mil peças quase montado que enquanto não estiver completo não vai ter graça, mesmo que desmontem depois. E aí começo a sentir saudades. Ontem, antes de dormir, fiquei com vontade de conversar com minha mãe, que está em Monte Alto. Porque lembrei tanto de uma certa família que acabei ficando preocupada. E porque eu descobri que os sentimentos nunca morrem, eles se modificam e eu continuo sentindo uma coisa muito boa quando lembro dessas pessoas. Às vezes me dá vontade de ir fazer uma visita e ficar conversando a tarde toda, ir pra cozinha ajudar a fazer o café da tarde e depois lavar as louças, rindo e brincando de guerrinha de espuma pela janela e, finalmente, terminar o dia assistindo DVD jogada no chão da sala com aqueles montes de almofadas. Porque eu me sentia querida no meio deles. Eu ando precisando muito de um abraço. E as pessoas que desaparecem. Na verdade, queria um abraço que também veio junto com as lembranças e que eu acho que nunca mais vou ter. Aí então eu estava chegando em casa e passou um senhor que mora aqui pertinho. Sei lá porque me deu uma vontade enorme de abraçá-lo. Quase pedi que ele me abraçasse, mas acabei desistindo e só cumprimentando como sempre faço. Agora fico aqui pensando que daqui a pouco vai ter inauguração de um barzinho novo quase em frente da casa da minha avó e está me dando uma preguiça de pensar em que roupa eu vou vestir... queria que algum roteirista de Hollywood descobrisse a minha vida e viesse aqui dar uma assessoria, com direito a iluminação, figurino e tudo o que eu tenho direito. Ia ser ótimo se o grande amor da minha vida aparecesse lá no barzinho, me visse e se apaixonasse por mim. Assim nós poderíamos viver felizes para sempre e eu nunca mais ia ficar carente, sentindo falta de abraços. Ou de um simples abraço.


26.2.04

Emptyness 

Garbage — Stupid girl

Cházinho de erva-doce e bolo de banana da minha avó me fazem fugir de novo da dieta (ok, pelo menos meus almoços ainda são as saladas multi-coloridas com arroz e filé de frango grelhado ou algo do tipo) e me lembram das tardes frias em que a minha turma do colegial ficava na escola esperando as aulas de reforço, batendo papo e rindo, vivendo do jeito que a gente sabia viver. Sinto falta de alguns ingredientes que a minha vida não tem mais: amigos a qualquer hora do dia ou da noite, tardes recheadas de conversas, e festinhas, reuniões e churrascos todo fim de semana. Mas as coisas mudam, cada um vai seguir o seu caminho e nem sempre os horários se entendem. Aí eu fico me sentindo meio abandonada porque todo mundo está ocupado e eu não. Porque todo mundo está namorando e eu não. Porque todo mundo sabe o que fazer e eu não. Tudo bem que tenho umas responsabilidades aqui e ali, mas eu preciso de um pouco de estresse, sabe? (Ou então não teria escolhido o Jornalismo.) E me sinto tão vazia, tão inútil... Amo fazer o Z!ne cada vez mais, me sinto realizada profissionalmente a cada edição que vai pro ar. Aí tenho certeza de que estou no caminho certo e que fiz a melhor escolha pra mim. Mas ao mesmo tempo, enquanto assisto os dias passarem e as respostas que espero não chegam nunca, vai me dando uma sensação tão esquisita de que não sirvo pra nada, de que desperdiço meu tempo. Sensação de inutilidade mesmo. A areia da ampulheta vai caindo e eu aqui só olhando sem fazer nada. Nem tenho mais o que responder quando meu pai me fala que eu não posso ficar assim só dormindo e fazendo nada o resto do dia. Eu me sinto mal, culpada. Às vezes até penso que se sumisse, desaparecesse do mundo, ninguém ia sentir falta porque não faço nada que seja assim tão importante. E continuo nessa montanha russa, me divertindo com coisas ridículas e bobas, me achando o máximo quando eu ganho uns pontinhos no meu jogo e me sentindo um lixo no resto do tempo. I'm such a stupid girl.

You pretend you're high, you pretend you're bored
You pretend you're anything just to be adored
And what you need is what you get

Don't believe in fear, don't believe in faith
Don't believe in anything that you can't break

You stupid girl, you stupid girl
All you had you wasted, all you had you wasted

What drives you on (What drives you on)
Can drive you mad (Can drive you mad)
A million lies to sell yourself is all you ever had

Don't believe in love, don't believe in hate
Don't believe in anything that you can't waste

You stupid girl, you stupid girl
Can't believe you fake it, can't believe you fake it

Don't believe in fear, don't believe in pain
Don't believe in anyone that you can't tame

You stupid girl, you stupid girl
All you had you wasted, all you had you wasted

You stupid girl, you stupid girl
Can't believe you fake it, can't believe you fake it

You stupid girl.

[Stupid girl, Garbage]


25.2.04

Já ia me esquecendo de falar do Carnaval 

Wallflowers — God don't make lonely girls

Acho que pelo primeiro ano nesses meus 22, consegui ficar longe de tudo que me lembrasse Carnaval. Sem congestionamentos, sem praias, sem bailes, sem axé e equivalentes, sem gente bêbada e suada dançando e se batendo em mim. Consegui. Pra quem não passou no fotolog, meus dias se resumiram a livros (A Insustentável Leveza do Ser e Clube dos Corações Solitários), cds (Sixpense None the Richer, Placebo, Strokes, Manic Street Preachers, Trilha Sonora de Alta Fidelidade, Beatles, Semisonic e Ludov) e filmes (Alta Fidelidade, Salvando Grace e 28 dias). Sempre na companhia do Gown, meu elefantinho. Passei quase que todo o tempo preguiçando na minha cama e adorei. A festa sábado foi ótima. Mas melhor ainda só mesmo aqueles crepes divinos que eu devorei sem peso na consciência: frango com catupiry e molho de queijo e depois maçã ao licor com calda de chocolate quente e sorvete. Bye bye dieta. E cada vez mais eu me surpreendo com certas pessoas. Ainda bem que meu senso de humor é ótimo — tem gente que nasce com a sina de ser palhaço. O negócio é saber virar o jogo, é o que eu sempre digo. E essa tarde cinzenta e chuvosa está me deixando tão preguiçosa... já está me dando saudades do meu edredon — não há nada melhor do que a minha cama quentinha. E já que o regime foi pro espaço nesses dias, só faltava uma barra grandona de Talento branco com frutas vermelhas pra terminar o dia bem. Hum, deu até água na boca — é mesmo um pecado ter que ficar me controlando. E por falar em pecado, o que era aquele mocinho de All Star e boné lá no Lar Center, hein? Bem o meu número. Pena que aquela aliança dourada na mão direita brilhava tanto que não dava nem pra fingir que eu não tinha visto... Como diz meu amigo, isso já está começando a virar fetiche.


Vivendo e aprendendo a jogar 

Strokes — Take it or leave it

Então às vezes um anjinho chega bem perto do meu ouvido e sussura: "não vai dar certo!". E eu, teimosa, vou lá e resolvo que vai dar sim. Aí faço umas coisas que nem imaginava que seria capaz, me enfio numa confusão e pronto, me convenço que da próxima vez eu vou ouvir o anjinho — maybe. Mas agora que o circo já está armado, não tem como cancelar o espetáculo. As cartas estão na mesa e as regras são claras — e esse jogo eu não vou perder. O mais engraçado é ver que às vezes as pessoas não botam muita fé em mim, acreditam nessa minha carinha de menina boba e até debocham. E, sabe, eu dou de ombros, porque elas se esquecem de que quem ri por último ri muito melhor. E, no fim, eu vou estar lá aplaudindo de pé e me matando de dar risada. Só não posso deixar de copiar uns pedacinhos de umas músicas: "Garotos gostam de iludir/ Sorriso, planos, promessas demais/ Eles escondem o que mais querem/ Que eu seja outra entre outras iguais/ São sempre os mesmos sonhos/ De quantidade e tamanho // Garotos fazem tudo igual/ E quase nunca chegam ao fim" [Garotos, Leoni] e "Seus olhos e seus olhares, milhares de tentações/ Meninas são tão mulheres, seus truques e confusões/ Se espalham pelos pêlos, boca e cabelo/ Peitos e poses e apelos/ Me agarram pelas pernas/ Certas mulheres como você me levam sempre onde querem // Garotos não resistem aos seus mistérios/ garotos nunca dizem não/ Garotos como eu, sempre tão espertos perto de uma mulher/ São só garotos" [Garotos II, Leoni]. Porque às vezes eu acho que, apesar de chato, o Leoni até que sabia do que estava falando. É a vida me ensinando o que eu já devia ter aprendido se não tivesse crescido com essa mania de ser boazinha. E agora sigo lembrando sempre que all I wanna do is have some fun (and I've got a feeling that I'm not the only one). Porque viver pode (e deve) ser divertido. Sempre.


21.2.04

Carnaval e festas de aniversário 

Counting Crows — Round here

Muita gente já sabe o quanto eu abomino essa associação de Carnaval com festas de aniversário, mesmo porque já fui vítima — muito mais de uma vez — de convidados seqüestrados por essa manifestação popular. Por anos seguidos eu me perguntei porque as minhas festas eram as únicas a que só uma meia dúzia de convidados (quando muito) resolviam aparecer enquanto que todas as outras tinham gente saindo pelas janelas. Criei certa aversão a comemorações natalícias. Criei também uma teoria para explicar porque eu era tão mal quista entre aqueles que eu pensava ser meus amigos. E fiquei traumatizada. Fevereiro, pra mim, virou o pior mês do ano porque todo mundo sempre se esquecia do meu aniversário — porque estava de férias ou porque estava viajando e curtindo o Carnaval. E eu ficava aqui, sozinha com meu bolo e minhas velinhas e, quando cortava o bolo, pedia que no ano seguinte fosse diferente. Hoje já superei isso, mesmo sem nunca ter tido uma super festa só pra mim, mas é por isso que eu fiz questão de não ir viajar para poder ir à festa de 15 anos da minha prima que, por um descuido, foi marcada no sábado mais próximo da data "oficial" e que, unfortunately, é hoje — sábado de Carnaval. Sei o quanto machuca ficar sentada numa mesa esperando por convidados que não chegam nunca enquanto o relógio não pára de andar e depois terminar a noite comendo o bolo sem vontade, só porque a sua mãe preparou tudo. E, se for o caso, quem sabe a gente viaja amanhã. Ou não.


Do I listen to pop music because I'm miserable? 

Or am I miserable because I listen to pop music?
Barry Jive and His Uptown Five — Let's get it on

Na inexistência de 24 Hours Party People e Durval Discos nas locadoras (com delivery) aqui perto de casa, acabei de rever Alta Fidelidade e dessa vez foi diferente. Estranho. A impressão que tive é a de que nunca tinha assistido ao filme nem lido o livro antes. Conheci uma história nova, não consigo explicar — talvez seja culpa daquela teoria de que o contexto em que você ouve uma música, lê um livro ou assiste a um filme acaba contribuindo com a maneira com que a música, o livro ou o filme chegue até você, mesmo porque nas duas outras vezes a situação era completamente diferente e, conseqüentemente, eu também. E hoje descobri que a minha cena favorita de filme é aquela em que a banda do Barry começa a tocar Let's get it on e o Rob abraça a Laura e eles dançam e depois se beijam. Emocionante, trouxe lágrimas pra fora dos meus olhos. [Aliás, quero assistir a todos os filmes com Jack Black no elenco assim o mais rápido possível.] Confesso que o filme acabou e eu fiquei me sentindo meio confusa, a kind of miserable. Como o Rob diz, pode ser culpa da trilha sonora (ou das lembranças que vieram junto com ela). Agora fico aqui ouvindo a música em loop e mordendo os lábios da forma que a minha mãe mais abomina — quem sabe na tentativa de sentir alguma coisa diferente. Sei que daqui a pouco vou dormir e amanhã quando acordar vou sentir gosto de sangue na boca, mas nem ligo. Pensamentos tilintam aqui dentro e o que eu mais queria era conseguir transformar tudo isso que sinto e esse monte de sentimentos fervilhantes que o filme provocou em páginas do meu livro que teima em se esconder aqui bem no fundo de mim. So let's get it on... [Preciso gravar uma coletânea muito urgente. E essa versão da música vai ser a primeira faixa do disco.]


20.2.04

A recompensa 

Ryan Adams — Gonna make you love me

É difícil ter que ficar me controlando para não atacar qualquer pacotinho colorido que contenha porcarias doces ou gostosas e confesso que às vezes eu não consigo resistir mesmo, mas juro que não abuso. O açúcar me faz falta e, apesar de não ter cortado totalmente os doces, tem hora que me dá vontade de devorar o açucareiro — como agora — e de vez em quando sinto até o cheiro de um cachorro quente daqueles com tudo dentro. Mas até aqui tenho seguido firme e forte. E parece que já está fazendo diferença. Ontem minha irmã, que tem como diversão preferida me colocar pra baixo e falar mal de mim, me olhou da cabeça aos pés e disse que eu tinha emagrecido. É, eu acho que posso acreditar — ou será que ela falou isso porque queria a minha mala de viagem emprestada? Eu prefiro acreditar que meus almoços com folhinhas coloridas e as minhas tardes à base de frutas estão valendo a pena. Ainda não sei quantos quilos exatamente eu mandei embora, mas sabe que já estou voltando a colocar minhas blusinhas mais apertadinhas sem medo de me olhar do espelho antes de sair e ter que trocar de roupa? E olha que até agora foram 3 semanas e meia de dieta. Imagina quando eu finalmente reaprender a comer direitinho..


Será que eu mereço? 

A melhor reportagem da minha e da vida da Eliana

Todo jornalista busca "um furo" ou " a reportagem de sua vida".
Nós encontramos isto na Luciana, temos a melhor reportagem, junto com o furo, ou seja, temos uma filha excepcional e uma pessoa e um ser humano de caráter, que além de ótima profissional, que terá seu espaço logo definido dentro da mídia que ela escolher, é um ser humano que tem o melhor que toda a pessoa possa almejar: "coração".
Muitas vezes a razão sai da sua frente, pelo tamanho de seu coração, e aos poucos tenho certeza que ela chegará ao ponto de equilibrio perfeito, que só a vivência pode dar a uma pessoa, mas tudo o que poderia esperar de um ser humano, eu sinto nela.
Falar que a amo é "chover no molhado", logo só posso dizer: Que orgulho tenho de você e de ser seu pai.


Acabei de encontrar esse texto num comentário do blog do Z!ne. Queria conseguir arranjar palavras pra responder mas não consigo.


18.2.04

Warning: the system is out of memory 

Ludov — Dois a rodar

Passo o tempo todo pensando — não raciocinando, não meditando — mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o quê, mas aprendendo. E com a alma mais sossegada (não estou totalmente certa). Sempre quis "jogar alto", mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena, deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta freqüência. Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma pré-disposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar. [Clarice Lispector]

Na verdade eu queria poder ligar um fiozinho na minha cabeça e descarregar esse monte de pensamentos que dançam ao som de Ludov aqui dentro. Precisava limpar, jogar fora alguns arquivos que não servem mais pra nada e liberar memória...


17.2.04

O fim do circo não é o final da história 

E então recolheram a lona, o circo foi sendo desmontado e o palco, levado embora. A cada mastro retirado uma lembrança era arrancada do coração daquele homem que nasceu, viveu e se preparava para morrer rindo e fazendo rir. E ele agora trazia no rosto não mais o sorriso que acompanhava seus dias, mas lágrimas que borravam a maquiagem. Chorava não por ter de se despedir de grande parte da sua vida, mas por saber que aquelas crianças não iriam mais rir das palhaçadas que fazia, que não veria mais rostinhos sorrindo, olhinhos pulando de alegria. Chorava por saber que não teria a certeza de que fizera alguém feliz, mesmo que por um único e curto momento.

Um zoológico levou o tigre, o leão e os macaquinhos. O elefante estava muito doente e teve de ser sacrificado. E o palhaço, para onde iria? Ele não sabia que caminho seguir, que rumo tomar. Foi andando, passo a passo sem pressa e acabou chegando. Sentou-se num dos bancos que ficavam em frente ao balcão daquele boteco e bebeu cada gota da garrafa de 51 que a moça lhe trouxe para ver se tomava coragem e se jogava de vez lá de cima do penhasco da cidade.

Na manhã seguinte, os trabalhadores engravatados desviavam daquele corpo mal-cheiroso e imundo largado na calçada, disfarçando as expressões de nojo ou pena. Mas aquelas crianças, todas vestidas de uniforme e que acompanhavam a tia do orfanato no caminho para a escola não conseguiram ignorar as roupas coloridas e a maquiagem quase apagada daquele homem. Soltaram as mãos, desfizeram as duas filas e saíram correndo na direção do palhaço, que acabava de acordar com uma dor de cabeça horrível.

Mal abriu os olhos e viu-se cercado por aqueles pequenos falantes que gritavam e pediam que fizesse a brincadeira das moedas que ele repetia em todas as apresentações no circo. Os olhinhos brilhantes e as gargalhadas daquelas pessoinhas fizeram com que entendesse que ainda tinha que distribuir muita alegria por aqui e que acabar com sua vida não resolveria nada. Logo que as crianças foram arrastadas pela professora, foi à hospedaria para tomar banho e, decentemente vestido e sem aquele cheiro de álcool no corpo, foi até o orfanato. Conversou com a diretora e a partir daquele dia ele trabalharia lá, divertindo os internos durante os intervalos e, enquanto as crianças estavam na escola ou ocupadas com outras atividades, cuidaria da limpeza. No fundo ele sabia que o circo ainda não havia sido desmontado ali dentro do seu peito.


It's a long way to the top if you wanna rock'n'roll 

Queens of the Stone Age — If Only


Para quem gosta de música e de dar umas boas risadas, Escola de Rock é uma ótima pedida. Filme levinho, com cenas inteligentes e trilha sonora da melhor qualidade, tem aquele estilo "Sessão da Tarde". Nele, Jack Black, somo sempre hilário, ataca de professor substituto para conseguir dinheiro para o aluguel e acaba montando uma banda com os "alunos" para participar de um concurso de bandas. Só aquela criançada tocando de verdade já vale o ingresso. Com certeza, este é um dos melhores filmes que eu assisti nesse ano — senão o melhor. E aposto que você também vai sair do cinema cantando.


15.2.04

O dia em que seremos felizes 

Sei que às vezes dá vontade de gritar
Não vou mais ficar aqui no meu cantinho
Se eu falar bem alto todos vão me escutar
e se eu cantar baixinho?


Essa semana tem Ludov lá no Z!ne. E Clarice Lispector também. =)


14.2.04

Porque a vida é agora 

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal de felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina, brincando de esconde-esconde.

Infelizmente, às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa à qual não fomos. A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. O que você vai fazer com cada minuto de 2004?

[Texto da propaganda "Minuto 2004" dos cartões Visa]


13.2.04

Cinco palavras que me definem 

Aimee Mann — Humpty Dumpty

Pensar
Acho que não existe ninguém neste mundo que exercite mais esse verbo do que eu. Mas no fim, não adianta nada: ou eu fico na mesma ou, pior, fico mais confusa ainda. Outro problema de pensar demais é que, com isso, eu fico tentando prever o que aconteceria se eu tomasse tal decisão e acabo inventando historinhas bonitinhas que não acontecem no lado de cá da realidade.

Ilusão
Eu me iludo muito facilmente com qualquer mínima possibilidade. Me iludo com as pessoas. Me iludo com promessas. Me iludo com oportunidades. Me iludo até comigo mesma. Começo a acreditar que aquilo é real e a decepção quando descubro que tudo não se passa de uma invenção da minha cabeça pode até tardar a chegar, mas não falha nunca.

Distante
Uma vez um professor me disse que eu era uma pessoa muito observadora e que isso me fechava no meu mundo e me transformava numa espectadora do mundo dos outros. Eu acabava vivendo as experiências dos outros e absorvendo os aprendizados que talvez nem eles próprios absorviam. Na época eu não entendi, mas hoje compreendo exatamente o que ele quis dizer. De alguma forma eu me contento com as emoções externas e, com isso, deixo de lado as minhas próprias emoções. Se alguém está feliz do meu lado, eu fico feliz também. E se estiver triste, eu também vou sentir a tristeza na mesma intensidade. Só de olhar para alguém eu consigo perceber o que está acontecendo — são realmente pouquíssimas as pessoas que conseguem esconder algum problema de mim. Só que isso me isola um pouco daqueles que vivem à minha volta. São raros os amigos com quem convivo por um longo período. Geralmente acabo me acomodando e esqueço de trazer convidados para dentro desse castelo em que me escondo.

Tranqülidade
Sempre que tentam me definir em alguns adjetivos, tranqüilidade é um dos primeiros a serem lembrados. E eu acho mesmo que sou uma pessoa serena. Dizem que passo calma e que, mesmo quando estou nervosa, consigo ser contida. São raras as vezes em que estouro — e, quando isso acontece, pode ter certeza de que existe alguma coisa muito grave por trás. O engraçado é que mesmo em situações-limite, como chamam, eu consigo ser bastante racional pra poder pensar direito em como sair delas. Foi assim no dia em que bati o carro da minha mãe e pensei em virar para a esquerda para evitar que o outro carro viesse em cima da minha irmã. E também foi assim quando conversei ao telefone com minha mãe com o ladrão apontando a arma pra mim e me ameaçando. Não sei se ser assim é bom ou ruim, só sei que não adianta que não consigo mudar.

Medo
Apesar dessa calma quando alguma coisa aperta, sei que sou uma das pessoas mais medrosas do mundo. Talvez por isso eu pense tanto como penso antes de tomar qualquer decisão ou de fazer alguma coisa — quando resolvo pular de cabeça é porque já pesei todas as conseqüências e sei que, por piores que sejam, vão compensar o risco. Por um lado isso é ruim porque evito de me arriscar e, assim, acabo perdendo algumas oportunidades. Mas por outro, eu dificilmente me arrependo de algo que fiz.


Sentimentos indecisos 

Martha Medeiros

O sentimento é um indeciso. Nunca está 100% convicto. Por uma amiga: o sentimento inclina-se para o bem, o sentimento é de afeto pleno, mas surpreendemo-nos ouvindo suas aflições e sentindo com isso uma alegria maligna. Que espécie de amizade é essa, verdadeiramente amorosa, porém suscetível a uma humanidade que nos envergonha e dói?

O sentimento pelos pais, representantes de deus em nossa casa, os nossos criadores: dependemos de seus olhares e de suas palavras, queremos deles aceitação - em vão. Basta estarem em desacordo com a nossa verdade para repudiarmos seus valores arcaicos, e então alternadamente detestamos e amamos os pais, absorvemos com a mesma intensidade o sufocamento familiar e a divindade familiar, os queremos por perto e os queremos apartados de nós, e isso é amor enorme e confuso.

E assim sucede com pessoas várias. Colegas, compadres e vizinhos, seres que nos agradam e nos repulsam, que são admiradas e desprezadas, que provocam em nós sentimentos dúbios em horas alternadas, porque o sentimento é assim, histérico. Você ama o caráter de alguém e lhe odeia o dente amarelado, você admira a inteligência do outro, mas não entende como pode ser tão rude, você quer seu marido sempre por perto, e às vezes longe, e ele quer a esposa ao lado, mas quieta.

O sentimento não suporta tudo. Mas é deste tudo que é feito um sentimento: de choques e prazeres, de desejos e solidão. O sentimento fatiado não existe. Lascas só de sentimentos bons: não. Vem sempre junto a parte estragada.

De nacos frescos e contaminados é feito todo sentimento. O nosso por nós mesmos, maior exemplo. Gostamos de nós, mas queríamos mudar. Temos orgulho do nosso caminho até aqui, e tantos arrependimentos. Gostamos da boca, mas não dos olhos, gostamos do queixo, mas não dos cabelos, gostamos do rosto inteiro, mas precisamos emagrecer, e essa mesma satisfação e insatisfação ocorre por dentro: queríamos mais fígado, menos coração mole, mais estômago, menos dores de consciência, mais alma, mais sono, mais paciência. Um sentimento decidido? Não há. Paixão ou ódio, estão sempre divididos.



12.2.04

The world is as soft as lace 

Belle and Sebastian — I could be dreaming

Acordei cantando B&S e estou ouvindo todas as músicas que eu tenho aqui em loop sem enjoar. Aproveitei também e troquei meus Dotz pelo Storytelling. E não sei porque comecei a pensar em umas esquisitices como, por exemplo, quem foi que inventou que o grão de café tem que ser torrado? Ou por que não fazer “café” de amendoim ou, sei lá, de feijão? E por que a gente cozinha o feijão ao invés de comer amendoim com arroz? Ou então por que o PF não poderia ser composto por grão de trigo cozido, ervilha com caldo, um bom filé de peixe e umas mandioquinhas fritas ao invés do arroz com feijão, bife e batata frita? Quem pode dizer que estaria tudo errado? Por que dormir à noite? Por que o sábado e o domingo foram escolhidos para serem o fim da semana? Eu devo ser mesmo um pouco louca pra achar tudo isso muito sem graça e não entender porque certas coisas acabam virando verdades tão absolutas que ninguém mais pensa sobre elas nem questiona antes de fazê-las ou aceitá-las. Na verdade, acho que gasto meu tempo pensando nessas coisas sem sentido porque já cansei de pensar em outras mais “lógicas” ou “normais” e não conseguir encontrar uma resposta. Porque talvez um dia eu encontre alguém que me convença de que o certo é beber café com leite ao invés de chá com leite — que, aliás, é bebido na Inglaterra, se não me engano. Ou então porque cada vez mais eu tenho a certeza de que o mundo é só um monte de convenções e costumes e hábitos tecidos numa renda que não pode — ou não deve — ser desfeita.

Because life is never dull in your dreams
A pity that it never seems to work the way you see it



10.2.04

Who will save me? 

Ludov — Trânsito

Cada vez tenho mais certeza de que eu preciso ir pro Big Brother. Tudo bem que deve ser um porre ter que agüentar aqueles papos de voto e tudo mais, mas só de imaginar que eu podia ficar o dia todo de bobeira, comendo umas coisas gostosas, com aquela academia e a piscina ali o tempo inteiro do meu lado... Sem contar que além de tudo ainda ia render uma graninha — o que não seria nada mal na atual situação. Ainda ia aproveitar pra ficar sem fazer nada sem peso na consciência, ia levar o livro do Randall e cantar o dia inteiro as músicas de que eu gosto. Imagina que legal cantar Ludov pro Brasil inteiro? Juro que na seleção do BBB5 eu mando um vídeo pra concorrer.


9.2.04

Cadê o meu manual de instruções? 

Radiohead — Creep

Às vezes, quando eu páro pra pensar na minha vida, tenho a impressão de que ela é um tabuleiro de xadrez com as peças todas espalhadas em cima. Começo a perceber que muita coisa está na posição errada, que algumas peças foram usadas antes do tempo e outras esquecidas. Aí, me vejo encurralada no meio do jogo e sem saber como continuar. Parece que Deus resolveu brincar e embaralhou tudo aqui no meio. Porque quando eu vejo uma saída e resolvo que é por ela que eu vou seguir, lá vai alguma outra pecinha entrar no meu caminho e atrapalhar a minha jogada. Agora, por exemplo, é um momento decisivo, pelo menos para essa partida do jogo — daqui a pouco vem a revanche. Não sei se protejo a rainha ou se deixo meu rei ali correndo perido. Na verdade, estou me sentindo um cavalo: andando em L e sem conseguir alcançar o meu destino. Acho que tudo ficaria bem mais fácil se a gente nascesse e trouxesse junto um manualzinho de intruções e regras. Facilitaria tanto...

A boa notícia é que uma das minhas maiores preocupações foi adiada para daqui 6 meses. Retornei ao oftalmologista hoje pra levar a topografia do meu olho e ele disse que, por enquanto, só precisamos tomar cuidado e controlar pra ver se o problema não evolui. E o meu maior medo foi eliminado: ele disse que não corro o risco de ficar no escuro, como temia. Mesmo assim, ando numa sede enorme de leitura — parece que quero aproveitar tudo que posso antes que comece a ficar difícil. A pena é que A insustentável leveza do ser não é infinito e eu já estou chegando nas últimas páginas.

Enquanto isso eu vou tentando descobrir qual movimento vai me trazer a conseqüência menos desagradável. Porque eu sinto muito mas não vou ficar aqui estacionada esperando as coisas se resolverem por si só. Afinal, o tempo está passando e eu preciso decidir a peça que vai andar no meu tabuleiro.

I don't care if it hurts, I want to have control
I want a perfect body, I want a perfect soul
I want you to notice when I'm not around...



Dois patinhos na lagoa 

Garbage — When I grow up

Comemorei a idade nova sem meus pais e com alguns (poucos) amigos. E acho que nunca me diverti tanto num aniversário meu. A comemoração começou com o show de uma banda super legal que tinha um saxofonista muito style. Aí ganhei um drink e depois me acabei de dançar. A noite acabou com uma lua cheia linda e com uma bomba — só eu mesmo pra me meter nessas histórias. Mas ontem teve bolo e eu esqueci das proibições do meu endocrinologista.

Aproveito pra agradecer todo mundo que se lembrou de mim. Vocês não sabem como eu fico feliz com cada telefonema, mensagem no celular, email, presentinho. Obrigada mesmo.


5.2.04

Tudo o que escrevo escrevo pra você 

Ludov — Estrelas

Bruna tinha dois vícios: palavras e sons. Os sons dos outros, no discman. E suas palavras, no caderninho. Não ficava um dia sem pegar a caneta e rabiscar umas letrinhas que traduziam o que se passava dentro e fora dela. Mas não conseguia escrever sem que tivesse alguma melodia pra acompanhar os movimentos que fazia com a mão esquerda sobre as linhas do papel. Escrevia sobre seus medos, planos, desejos. Sobre o que via e sentia. Sobre o que era e o que poderia ser. E até sobre o que não sabia. Escrever, para ela, era como respirar — vital. Precisava se libertar daqueles pensamentos que a atormentavam e a deixavam quase louca. Eram cartas, contos, poemas, desabafos, descrições.

Renato tinha dois vícios: Bruna e seus escritos. Bruna, sempre por perto. E seus escritos, escondidos na mochila. Não conseguia dormir se não tivesse lido alguma coisa que ela tivesse anotado durante o dia. Passava horas planejando como iria conseguir distrair a menina para espiar as palavras guardadas no caderninho. Ler o que ela escrevia, para ele, era como respirar — vital. Precisava desvendar os mistérios da alma que existia dentro daquele corpo que ele tanto gostava e que ainda não conhecia completamente. Eram recados, reclamações, pedidos, declarações, convites.

Ela escrevia. Ele procurava. Ela escondia. Ele encontrava. Ela pedia. Ele realizava. E, assim, se entendiam e se amavam.

Eu sei que você lê tudo o que escrevo. Escrevo pra você.


4.2.04

Who am I to be blue? 

Alanis Morissette — Offer

Fui ontem ao endocrinologista levar os resuldados do exame de sangue e acabei levando uma bronca. As taxas dos hormônios da tireóide e do colesterol estão normais, mas meu peso aumentou. Ele disse que o problema é excesso de preguiça e falta de vergonha na cara e adivinhou que eu não estou mais fazendo nenhum exercício e só como besteiras. Resumindo, sugeriu que eu cortasse ao máximo os doces e diminuísse as massas e frituras porque preciso reaprender a comer bem. Aí­, meu almoço foi basicamente uma saladona e um pouquinho de arroz com filé de frango bem sequinho e depois passei no supermercado pra comprar umas frutas e passei longe dos chocolates. Consegui. Mas vamos ver até quando vai durar isso. Porque tenho quase certeza de que vou emagrecer esses 4 quilos que ele quer no peito e na bunda e a barriguinha vai continuar aqui no lugar dela, como sempre. Whatever. E só depois de passar no blog da Chebel é que eu lembrei que não contei do dia em que eu fui tirar o sangue pro exame e desmaiei. A moça tirou dois tubões de sangue e no terceiro eu resolvi olhar. Vi o sangue esguichando, vermelhão e comecei a me sentir estranha, foi ficando tudo preto e, de repente, parecia que eu tinha entrado dentro de um túnel. Minha mãe, que foi comigo, me segurou pelo braço e menina ficou meio desesperada sem saber o que fazer. Eu ouvia as vozes beeem longe e não conseguia responder. Senti ela tirar a agulha e depois me deixaram numa poltrona reclinável até eu começar a enxergar de novo. Pelo menos dessa vez eu não fiquei "sonhando" com a Mônica e o Cebolinha. Ah sim, perceberam que o título do post não tem nada a ver com o que eu escrevi? Gostaria que alguém me contasse sobre o que eu iria falar porque não lembro mais.


Passando à limpo 

Letters to Cleo — Come on

Nos últimos dias tenho pensado muito em como era a minha vida antigamente. Não é nem nostalgia, é só uma vontade de resgatar todos os momentos que eu já vivi e tentar guardar todos os detalhes. De passar a vida à limpo. E, olha, eu tenho muuuuitas histórias pra contar. Foram várias fases diferentes, subindo cada degrauzinho de uma vez e aproveitando todos eles muito bem. Aí no domingo, assistindo àquele quadro do Fantástico com a Denise Fraga, tive a grandiosa idéia de mandar um desses episódios da minha vida pra lá. Não me convenci completamente disso, mas acho que eles deixariam aquela história mais legal ainda. E, quem sabe, até rolava uma visitinha da Fram. Porque eu estou com todas as saudades do mundo daquela guria! Como eu sinto falta das tardes no apartamento dela, quando a gente ficava lendo pilhas de revistas e fazendo brigadeiro ou pão de queijo extraterrestre. O tempo voa e as coisas vão fugindo do nosso controle. A distância se intromete no meio dos nossos amigos. Os compromissos roubam o nosso tempo. O interurbano é caro demais pra contar tanta novidade. E a gente acaba participando só um pouquinho da vida daqueles com quem dividíamos completamente os nossos dias. Mas é assim mesmo. Uns vêm, outros vão e a gente vai se encontrando pelo caminho. E se reencontrando. Como esse meu amigo que ressurgiu hoje no ICQ depois de uns 2 anos sem nenhum contato. Como o bilhetinho que eu encontrei no meio do meu caderno do segundo ano da faculdade e me trouxe aquela tarde de volta. Como o amigo da irmã do cara que trabalha comigo no site que também era meu amigo e tinha sumido. Como a caixinha de papéis e coisinhas que, vez ou outra, me puxa lá pra dentro. Espero nunca perder essas minhas lembranças tão boas. E, além da lua cheia bem branquinha lá no céu, eu também queria ganhar um beijo muito bem dado. Eu quero um beijo de cinema americano. Pra guardar junto com os meus outros bons momentos e relembrar daqui alguns anos.


3.2.04

Enluarada 

Fiquei toda feliz só porque descobri que vai ter lua cheia no meu aniversário...


2.2.04

Eu quero te roubar pra mim... 

Ana Carolina — Encostar na tua

Digamos que eu sou uma pessoa estranha. Até aí tudo bem. O caldo começa a engrossar quando nem eu mesma consigo entender o que se passa dentro dessa casca que todo mundo vê. Às vezes eu até me perco, sabe? Acho que estou indo por um lado e, quando percebo, já desviei totalmente do caminho. Com meus sentimentos, então, prefiro nem mexer muito. É melhor deixar como está pra não fazer mais estrago. Só queria mesmo era conseguir descobrir onde está a pontinha do novelo pra, quem sabe, conseguir desfazer alguns desses nós e apertar alguns outros que se afrouxaram sem que eu me desse conta. O problema é que eu tenho a mania de me prender a pessoas que nem dão tanta importância assim pra minha existência, por isso me perco entre os nós. Los Hermanos conseguiram cantar direitinho o que acontece comigo: se eu peco é na vontade de ter um amor de verdade. É bem isso mesmo. Aí eu transfiro essa eterna procura para os personagens do livro que eu estou lendo bem devagarinho pra não acabar logo ou até mesmo para o casalzinho da novela que no meio de tantos desencontros vai acabar se encontrando. Torço. Vibro. Choro. Como disse Nick Hornby, através do Rob Fleaming — se não me engano —, você percebe que as coisas não estão legais quando você começa a procurar emoções nas músicas, livros e peças de teatro de que você gosta.
Ontem, enquanto jantava um ovo mexido (é incrível como o meu não chega nem aos pés do que a minha mãe faz) com chá gelado e via a Ana Carolina cantando a música da novela no Faustão, comecei a pensar nisso. Sabe quando você ouve aquela música que te lembra uma pessoa especial, que faz seu coração sorrir e uma pontinha de saudade aparecer no peito? Foi exatamente isso que eu senti. Saudade de uma história que não é minha e, pior, nem existe de verdade. Mas nem por isso eu estou triste, nem depressiva e muito menos prestes a engolir todos esses comprimidos que o dermatologista me receitou — mesmo porque isso ia me render, no máximo, uma bela lavagem estomacal e umas dores de cabeça desnecessárias pra minha mãe. Estou bem assim, me contentando com esse friozinho na barriga emprestado e vendo as coisas acontecerem ao meu redor. Fico feliz pelos outros, pelas histórias lindas que estão acontecendo com pessoas que eu conheço e continuo esperando pacientemente pela minha vez.
Mas confesso que vontade de roubar alguém pra mim não falta...


1.2.04

I think I'm losing my favourite game 

Our Lady Peace — Innocent

Então agora é assim: quando estou longe de computadores conectados à internet, posts fervilham na minha cabeça e, a partir do momento em que eu me sento em frente à telinha, todos os possíveis assuntos somem. Poderia falar sobre o tempo ou sobre qualquer outra coisa sem importância, mas não é isso que eu quero. Acho que estou perdendo o jeito mesmo, não tem outra explicação.

.técnica
Um professor da faculdade vivia dizendo que quando o negócio complicava, era mais fácil fazer primeiro uma reunião de tópicos e desenvolvê-los um pouquinho pra depois juntar tudo num texto. Vamos ver se adianta.

.fun fun fun
Não sei de onde ressurgiu esse meu pique todo pra sair na sexta, no sábado e no domingo, mas já faz umas duas ou três semanas que tem sido assim. E a cada programa eu vou com pessoas diferentes e nem por isso eu me sinto deslocada, mesmo quando não conheço muito bem as pessoas que estão por perto. O mais engraçado é que num dia eu sou a mais novinha da turma e no dia seguinte eu sou a mais velha.

.Mohandas e Indira
Meu casal de peixes continua não se entendendo muito bem. Depois do Mohandas ter comido o rabo e a nadadeira direita da Indira — que ficou parecendo uma cópia barata do Nemo — tenho percebido uma movimentação estranha e violenta dentro do aquário. Essa noite eu acordei várias vezes com o barulho que eles fazem quando ficam brincando de Velozes e Furiosos. Deve ser vingancinha pelos dias em que eles ficaram aqui em casa sem comida e tiveram que se virar com as plantinhas que minha mãe mergulhou na água.

.pseudo-demisão
Sexta passada eu recebi um telefonema da jornalista com quem apresento o programa lá na rádio. Ela agradeceu pelos (poucos) meses de colaboração, mas disse que a partir dessa semana eu não precisava mais ir até lá porque a empresa que patrocinava o programa não vai mais mandar o dinheiro a partir de fevereiro. Por um lado eu fiquei chateada porque até que eu me divertia durante aquela horinha que ficava lá lendo as notícias e batendo papo com os ouvintes que ligavam pra contar altas histórias. Mas por outro, é um alívio não ter que ouvir aquelas músicas sem poder reclamar.

.inácio
Ok ok, eu confesso que me viciei em Celebridades. Shame on me, mas quem resiste à carinha de cachorrinho abandonado que o Bruno Gagliasso faz? Você pode até resistir, mas eu não consigo! E não ficaria nada aborrecida se um Inácio resolvesse aparecer em casa, mesmo trazendo todos os problemas que ele tem. Aquele sorriso e os olhinhos brilhantes compensam tudo.

.big brothers
Como o BBB vem grudadinho com a novela, acabei me tornando uma adicta a drogas. Pena que já mandaram o Dudu embora logo na segunda semana, porque ele já tinha me conquistado. Não que ele seja bonito e tudo mais, só que ele faz bem o meu tipo e me ganharia fácil, fácil. E, fazendo uma aposta, eu acho que o Rogério ainda vai longe nesse jogo.

.pós-graduanda
Mas nem só de besteirol global vive essa recém-formada jornalista. Como eu não consigo ficar muito tempo longe de uma sala de aula, com toda aquelas neuras de trabalhos e provas e seminários, tratei de me matricular logo numa Pós-Graduação. Como eu sou apaixonada pelas letrinhas e acho que quem gosta de escrever precisa saber escrever bem, escolhi um curso de especialização em Letras — Língua Portuguesa e Literatura. O curso é curtinho — dura só um ano e meio — e eu vou ter aulas aos sábados.

.o tempo passa, o tempo vôa...
... e daqui a uma semana, exatamente, eu apago 22 velinhas que provavelmente não vão estar sobre o bolo, mas sobre a mesa de um bar. Como festas de aniversário nunca fizeram muito a minha cabeça — principalmente porque o Carnaval ou as férias sempre boicotavam as minhas festinhas — só espero que algumas poucas pessoas que gostam de mim estejam presentes. Das outras, eu aceito presentinhos, ok? heh

.Ludov, Barfly e Além das Portas
Meu presente pra mim mesma já está devidamente encomendado e não vejo a hora de recebê-lo. Finalmente, comprei o Dois a Rodar, da ótima banda Ludov. As músicas são todas lindinhas e, com certeza, vão grudar no discman. A segunda parte do presente já está mais ou menos garantida. Mandei um email pra Sensorial e espero que consiga garantir a promoção do cd do Barfly + o livro do Randall. Já tenho um autografado, mas quero ter outro de reserva pra quando der vontade de mostrar um livro bom pra alguém.


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[Clarice Lispector]

 


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