30.10.03

E já que eu não vou dormir mesmo... 

Coldplay — Politik

Danilo, 22 anos, se forma no fim deste ano em Administração de Empresas pela universidade estadual.
Marcela, 21 anos, está no segundo ano do curso de Letras e é professora de Inglês.
Os dois, que não têm aparentemente nada em comum, se conheceram no início do ano passado, na lanchonete lotada do primeiro andar da faculdade. Dividiram a mesa, compartilharam alguns instantes das suas vidas e descobriram que nasceram um para o outro. Coisas do destino. A partir desse encontro, os 20 minutos anteriores ao sinal de início das aulas viraram um ensaio de olhares apaixonados, palavras açucaradas, carinhos, sorrisos e beijos. E, a cada dia que passa, a conversa é mais animada, os beijos são mais apaixonados e os carinhos, menos contidos. É uma cena bonita de se ver — como eles se dão tão bem.
Danilo conseguiu, na semana passada, um estágio (muito bem) remunerado numa das maiores multinacionais do país. Um salário bom, vale-alimentação e transporte, plano de saúde e possibilidade de efetivação quando terminar a faculdade. Além de a empresa ficar praticamente ao lado da escola onde Marcela dá aulas.
Marcela pulava e sorria e batia palminhas de alegria enquanto ouvia o namorado contar a boa notícia. Mas ela (ainda) não sabia da melhor delas: assim que pegou a carteira assinada e a cópia do contrato, Danilo passou na melhor joalheria daquele shopping que ficava no caminho da casa de Marcela e comprou o par de alianças mais brilhantes da vitrine — a prestações, mas este era um detalhe pequeno se comparado à alegria de poder ter sua Marcela, que faria aniversário no domingo, sempre ao seu lado.
Danilo já tinha planejado tudo: na hora do Parabéns, tiraria a caixinha vermelha de veludo do bolso e a pediria em casamento. Ele mal podia esperar esses três longos dias passarem para, finalmente, ver os olhinhos de Marcela brilhando de alegria.
Marcela tinha um sorriso no rosto e, por algum tempo, até se esqueceu de que dia era domingo. Pensava numa festa — não para comemorar sua idade nova, mas sim, o novo emprego de Danilo.
Assim passaram a sexta-feira e o sábado planejando as surpresas que fariam um para o outro, entre telefonemas a cada 20 minutos — ou menos — para contar que agora vão poder almoçar juntos todos os dias; que a Lilás, cachorrinha de Marcela, pulou na cama dela e quebrou a boneca de louça que ele deu; que estavam com saudades; que a Carminha vinha de Minas para dar um abraço no Danilo; que Marcela já estava indo tomar banho e que ele passava dali 40 minutos para pegá-la e irem ao cinema.
Danilo falou o mês inteiro sobre aquele filme que entrou em cartaz nessa semana. Ele tinha, de qualquer maneira, que ir assistir no dia da estréia e, apesar das filas quilométricas e da longa espera, conseguiu convencer Marcela a ir também. Chegaram duas horas e meia antes, enfrentaram fila para comprar o ingresso, mais fila para a pipoca dele e os chocolates dela e uma última para entrar na sala. Marcela estava visivelmente impaciente, mas nada naquele momento poderia acabar com a felicidade que os dois traziam com eles.
O filme começou e pouco tempo depois eles ouvem os sons da sala ao lado: gritos, estouros, pessoas chorando e correndo. "Ainda bem que ele não inventou de ver esse outro filme!", pensou Marcela. "Que saco!", foi a vez de Danilo, "justo hoje?" — e levantou-se para reclamar com o lanterninha. Ele não tinha conseguido chegar até o corredor quando um cara armado abre as portas da sala e dispara na direção da tela.
Marcela ouviu os tiros e sentiu o corpo de Danilo cair no seu colo. A bala entrou pelo abdome, atingiu um dos rins, a bexiga, um pedaço do intestino, o pulmão e ficou alojada na nuca, pressionando sua medula.
Danilo não sentiu nada na hora. E continua não sentindo nada do pescoço para baixo até hoje. Vive na cama e sai de casa apenas numa cadeira de rodas adaptada para sustentar o seu tronco.
Nunca mais foi ao cinema depois daquele dia.


28.10.03

O tempo vôa 

Feeder — High (acoustic)

Não sei o que acontece, mas parece que quanto mais velha eu fico, mais rápido passa o tempo. Lembro que quando tinha uns 8 ou 9 anos, meu aniversário demorava muuuuito para chegar, os Natais ficavam super distantes, as férias nunca chegavam. Eu esperava, esperava, esperava... E hoje eu nem percebo e o mês já está quase no fim, os 4 anos da faculdade passaram como um raio, tudo acabou muito rápido. Os minutos vão embora sem que eu perceba, os dias parecem ter 3 ou 4 horas e isso me assusta um pouco. Minha vida está indo embora e eu acho que não estou aproveitando como deveria. Talvez por medo, prudência ou excesso de responsabilidade que eu mesma me imponho — estou deixando minhas coisas um pouco de lado pra cumprir com compromissos que eu vou acumulando. Ou então por pensar muito antes de qualquer coisa, por mais insignificante que seja... e acabo perdendo muito tempo ou então desistindo.
Às vezes eu olho para trás e tenho saudades das coisas que eu fazia, dos lugares que eu freqüentava mesmo me sentindo a estranha no ninho, das pessoas que estavam sempre comigo mesmo elas sendo diferentes de mim. Tenho saudades dos tempos em que eu saía direto, em que não dormia direito, que não parava em casa. Aí eu percebo que perdi muita coisa, que deixei pessoas se afastarem de mim, que não fui mais a alguns lugares. E só não consigo entender como ou porque isso foi acontecendo.
Às vezes eu me sinto tão isolada de tudo... E acho que é por isso que tenho essa impressão de estar perdendo uma fase da minha vida. Uma fase que está terminando sem ter sido completamente vivida.


27.10.03

Alternativo 

Já que o Blogger.br resolve ficar em manutenção sempre que eu quero escrever, o Bloggger.com vai servir de alternativa. Assim eu coloco essas palavras pra fora de algum jeito. Verborragia não tem cura, não!


26.10.03

Um findie a menos 

Manic Street Preachers — If you tolerate this

Perdi a hora hoje e acabei acordando mais tarde do que deveria. A manhã foi curta. Me deu tontura de fome e eu almocei um arroz meio empapado e ovo frito às 4 da tarde, na companhia de um passarinho que entrou na sala — num ensaio de como é morar sozinha. Liguei a TV enquanto comia e acabei chorando com uma loucura de amor no programa novo da Márcia. Achei melhor desligar e estou aqui até agora. Não agüento mais olhar pra tela do computador e digitar letrinhas e palavras. O Word diz que o relatório já está com 94 páginas e eu ainda acho que precisa mais. Tenho medo de não conseguir terminar. Estou tonta com esse calor apesar dos quase 3 litros de água gelada que eu tomei. Queria uma piscina, mesmo não gostando muito. Queria tomar chuva. E um beijo na boca. Sentir na sola dos pés o gelado da terra molhada ou caminhar na praia. Queria dançar até não sentir mais as pernas e chorar de dar risada até doer a barriga. Relaxar.


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